Tava pensando em monte de coisa ao mesmo tempo, e, como de costume, metade delas “evaporam” na minha mente e as que ficam eu tento traduzir em palavras... Que bom por isso, não gosto de me esquecer de nada, mesmo sendo bestas e bobas.
Pensei sobre afeto, vida, morte, sobre, desejos e necessidades; tanta coisa. Mas motivado pela música do Tom, que no caso ilustra e serve como trilha para o texto (recomendo que leiam escutando a música, dá mais sentido às palavras), os pensamentos estão aqui tentando ganharem vida concreta.
“Triste é saber que ninguém
Pode viver de ilusão
Que nunca vai ser nunca vai dar
O sonhador tem que acordar”... Diz um trecho da música de modo simples, porém afiado como uma faca enfiada no peito e segue puxada com toda raiva até a garganta. Dramático não? ¬¬.
Sobre afeto pensei algo mais ou menos como insatisfação. Num sei bem como colocar tanto pensamento em palavras, mas, é aquela situação em que quando se tem não é o ter suficiente e quando não se tem, é porque a “safra” disponível pra colheita não agrada aos olhos ou visão de mundo. Egoísmos à parte eu penso que isso tudo é muito cansativo e irritante.
Esse trechinho bem aí que a Elis canta é a realidade pra muita gente. Recentemente uma grande amiga resolveu “viver”, como ela mesma diz. Não sou contra nem a favor muito menos discordo, o lance tá em como se vive e porque se vive. Certa vez também, enquanto tomava uns grodes com uma professora da faculdade e um amigo nosso, comentei ter valores e prioridades como patamares primordiais na vida. Ora vejam só, ela riu me chamando de chato. Posso até ser, mas, será que a apatia é tão forte assim para não ser notada?
É como, também, focar a vida somente a isso, a esse plano, a essa estadia, ao momento, ao estado de espírito, ao agora a todo imediatismo que faz parte do ser humano. É estranho e curioso o simples movimento de levantar a cabeça e olhar para o céu. As nuvens a se movimentar e toda aquela imensidão. Eu sou tão miudinho diante do desconhecido, e é melhor que se mantenha como desconhecido mesmo. Com toda força destrutiva e deturpadora que o ser humano tem, certas singelezas que já se perderam outras tantas deixarão de existir também.
A vida é o prenuncio de morrer, e morrer é apenas outro lado de viver uma vida não material e residente na linha do tempo e espaço, a bolha material do tempo e espaço de confinamento.
É um misto de não ser emotivo, mas se mostrar disponível a sensibilidades pequenas com grandes sensações e intensidades. A música do Tom ecoa nos meus ouvidos no modo repete incansavelmente.
“Só pra me maltratar
Triste é viver na solidão”
[...]
Triste é viver na solidão”
[...]
No inicio do texto comentei sobre minha amiga de longa data que resolveu ir “viver”. Na minha concepção esse “viver” não passa de necessidade, vontades e desejos. Nada muito interdependente, apenas a carne falando mais alto. Isso me faz lembrar a música Comida, da Titãs. Insistentemente se canta no fim da música:
“Necessidade e vontade
Necessidade e desejo
Necessidade e desejo
Necessidade e vontade
Necessidade e desejo
Necessidade e vontade”
No tempo de “viver” a carne fala mais alto, o estado sensorial se torna gritante e a libido precisa sair de algum jeito ou forma irracional. Sim, eu me importo com essa minha amiga e os rumos que as coisas podem tomar se não houver o mínimo de senso da parte dela. Mas como a própria diz: “Certas pessoas aprendem apenas observando, outras aprendem apenas quebrando a cara repetidas vezes”... É, pois é né, fazer o quê.
Enquanto isso, dando continuidade ao que não tem fim, a esse sarcasmo constante, ironia e jeito malandro de se desviar do dia-a-dia que é pior que uma lamina afiada rasgando meu peito até a garganta, me aproprio de mais um trecho de uma música do Tom:
“Eu nunca fiz coisa tão certa
Entrei pra escola do perdão
A minha casa vive aberta
Abre todas as portas do coração”... Ou seja, tudo é vida, tudo é insistir e desistir, observar e agir, tocar, excitar e acalmar... Paz a todos e obrigado por retornarem ao SSS.
Um comentário:
Acho que esse teu post tem bastante relação com o anterior, sobre a arte de esperar. Realmente, esse "viver" tem mais a ver com libertação de desejos, e porque não com ansiedades, insegurança.
Bom o texto, e a trilha sonora! ^^
Até.
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