domingo, 1 de janeiro de 2012

Saudade dos tempos em que eu era ridículo

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
[...]
Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.

 

Comecei 2012 me questionando. Tava ali assistindo um filme, “Paris Te Amo”, e me veio à mente, em epifania: “Esqueci como se escrevem as cartas de amor!”

Venhamos e convenhamos, é algo muito bobo e há quem diga que isso é carência. Contudo, eu apenas me peguei pensando realmente quando teria sido a última vez que senti algo avassalador ao ponto de me deixar atordoado e ao mesmo tempo estranhamente calmo e sereno, coisas do tipo que costumava guardar e vivenciar até pelo menos dois ou três anos atrás.

Talvez esteja sendo ingrato com um recente episódio que aconteceu na minha vida. Talvez ela estivesse e esteja certa por ter dito: “Bem, pelo menos não posso me culpar por não ter tentado, porém, tu é muito difícil e seco e frio”... Naquele momento as palavras não chegaram a doer nem causar impacto, mas agora... Puxa vida! O ser humano é de fato uma desgraça, não que só comece a dar valor somente quando perde algo, nem é isso, é que ele apenas começa a dar valor quando toma a ciência de que o que perdeu se transformou em uma ameaça e não me refiro aos relacionamentos, mas os produtos desses relacionamentos.

São os gestos simples, são os olhares ternos, são os apertos de mão tímidos, são os momentos de silêncio, são os estados de espírito ridiculamente importantes que me fazem falta. Sinto saudade de ser e estar ridículo! Não sei mais escrever as cartas de amor!

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