terça-feira, 23 de outubro de 2007

A Arte do Pensar

A arte do pensar começa com a aportuguesação do verbo cogito, ou seja, “cógito”, que significa Pensar, Refletir, sendo que esse pensamento pra chegar aonde chegou, uma reviravolta, ou bola-de-neve, ou se preferir uma infinita e metódica forma de auto-afirmar que mesmo o mais cético ao dizer que duvida de sua essência material, já está por si só acreditando que ela existe, pois deu o ponta-pé inicial de sua indagação com a dúvida.

René Descartes, filósofo francês nascido em 1596, este que vivenciou o estigma de muitos dogmas, a contradição de crenças, morte de crenças, valores morais, sociais, se vê neste contexto, o de duvidar do que o circunda, do mundo a sua volta, e por ultimo de se mesmo como Ser real e pensante. Talvez como que num golpe de misericórdia, este que se utilizou da crise existencial e do ceticismo para formular sua principal tese, e de como ela pode ser fundamental para o ser humano.

A maior das preocupações filosóficas é com a verdade, nada mais do que a verdade, Descartes não descarta que sua visão também era esta, mas ele colocou à prova essa visão, pelo fato de a mesma, antes de afirmar que algo é verdadeiro ou não, deveria o Ser negar, tudo que achava ser verdadeiro, podendo até ser ele mesmo. Percebe então que se ele começa como cético, logo em qualquer indagação que seja, por mais complexa que fosse não gostaria de parar, pois se existe uma verdade seria através da sua dúvida e do seu ceticismo inicial que ela se revelaria seguindo assim uma linha de raciocínio metódico e calculado. E por fim ele confessa toda a sua ignorância de que nada sabe, confessa o que muitos ainda não tiveram a coragem de admitir, por mais infinito-finita que a mente humana possa ser, nunca saberemos tudo, apenas uma pequena fração de todo o conhecimento, de toda a verdade tão almejada.

Portanto, o “eu” tão frisado por Descartes é o seu próprio conhecimento, esse sim é material, e não abstrato e oscilante, este sim tem uma essência e responde pelas atitudes externadas pelo ser que o possui.

“Penso, logo existo”, uma das maiores pérolas da filosofia, ainda hoje constrange, ainda hoje quebra paradigmas e instiga-nos a buscar algo que é oculto, que é embaçado à mente, assim como uma outra forma de conhecimento filosófico-teológico afirma: “Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.” I Coríntios 13: 9-12 (Bíblia Sagrada).

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