segunda-feira, 20 de outubro de 2008

“Por um minuto de paz!”

“O ser humano muitas vezes, está inclinado a fazer o mal ou pelo amor ou pelo ódio ou pela cobiça ou sob pressão de súplicas, ou ainda na esperança de vir a gozar de um benefício ou prazer qualquer.”.

Marsílio de Pádua

“Esse clichê de que a gente é um universo é pura verdade... Tem muita coisa que não descobrimos a respeito de nós mesmos.”.

Regina Nayanna

Tudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu.”.

Eclesiastes 3:1

Ao som de “É O Que Me Interessa” do Lenine, “Parachutes” e “Last Kiss” do Pearl Jam

Parte 1


- O Sentimento -

O que eu faria se tivesse um minuto de paz? Mas, primeiramente o que é paz? Talvez o mesmo que é o “Amor”, sujeito indefinido, subjetivo por si só, ambição de todos.

Perguntaram-me certa vez o que é necessário para alcançar um minuto de paz. Simples, essa pergunta não tem resposta. Ela tem desejos que são tentativas de respostas, mas que não são e jamais serão respostas.

No entanto, o que necessito para ter esse minuto? Tanta coisa que anseio e desejo para tê-la. Eu confesso que o período em que mais tive “paz”, ou que, estive mais perto dela, foi quando estava namorando. Apesar de só ter durado um mês, quem me conhece e sabe quem sou e como sou, pôde perceber o que eu sentia... Este sujeito indefinido e abstrato ganhou sentido neste único mês, raro diante de todas as experiências que já tive.

Não que eu não tenha paz, tenho em demasia e distribuo em demasia. Ela está nos meus surtos de hiperatividade, de “efusividade”, bons modos, cavalheirismo, até mesmo nos meus xingamentos e tratamentos mais brutos e sarcásticos. É bom demais sorrir... Só que, toda vez em que penso em paz, penso em amor; outra questão não muito definida e chata, muito chata.

Essa mesma pessoa que se sugeriu o tema e título pediu-me o máximo de detalhes possíveis. Mas quais detalhes se mesmo quando eu não quero acabo por ser transparente? Apesar de ser uma confusão constante, eu sou transparente. Meus olhos mesmo sorrindo não mentem.

Há quase dois meses (se já não são mais que isso) não falo com ela (a ex), não brigo, não discuto, não vejo aqueles olhinhos azuis sorrirem ou me encararem... Sinto falta. Em todos os sentidos sinto falta, como amiga, como irmã em Cristo, como parceira de discussões longas, chatas, introspectivas e racionais. Confesso que ela foi um capítulo importante na minha vida, pra ser posto assim de lado como se eu não me importasse.

Não estou desabafando, apenas escrevendo sobre o que me propuseram. Na verdade nem sei porque escrevo sobre ela...

Porém, paz é uma coisa que não busco somente no amor, também busco na música. Se forem perceber, cada post meu tem uma trilha sonora. É como se a música completasse o texto, a sua intensidade, criasse vida e fizesse com que o mesmo tivesse mais sentido, ou quem sabe uma mensagem. É difícil dizer o que é paz, quando se propõe a sentir incondicionalmente sem que seja recíproco, tudo!

Que importância tem esse minuto para mim? Na verdade isso é uma outra incógnita. Sou muito intenso e intuitivo... Dizem que eu me conheço muito bem ou que me conhecem muito bem... Essa é uma eterna briga que tenho comigo mesmo.

Pergunto-me também se a paz está na falta de constância. Mas eu sou constante, só que de uma maneira própria. Eu realmente chego a me dobrar ao meio buscando por paz, seguido do amor e esperança. Esses são os meus pilares na vida. Não existe maneira de encontrar a paz, ela apenas vem. Em momentos relâmpagos, em pessoas (como o caso da minha ex) ou em desejos e orações, conversas com Deus.

Acredito que depois desse texto escreverei bem menos, me esvaziar, “insubstâncial”. Tudo que escrevo gira em torno dos meus três pilares. Não me peça que eu os doe nem para tê-los por outra pessoa, coisas ou sonhos... Sou seletivo até comigo mesmo. Deixe que o momento, pessoa e oração cheguem à minha vida de mansinho, chamando minha atenção através da simplicidade e sorrisos. A vida sempre encontra um meio de se satisfazer e de alegrar aquele que a possui sejam em corpos, luzes, áureas, espíritos e mentes posteriores... O sentimento acaba por selecionar um novo ser para observar, admirar, gostar, sorrir... É uma possibilidade que jamais deve se descartar!

O amor faz sentido diante da paz.

...

Ao som de “Blind” do Third Day

Parte 2


- A Oração -

Estava andando pelo bairro, numa dessas tardes em que não tem nada para se fazer. Coloquei um tênis, preenchi meu mp4 de sortidas músicas e saí a caminhar, sem rumo algum. Impulsionado pelo som que escutava tão impulsionado, acabei por andar o bairro todo no tempo máximo de uma hora e meia, ou uma hora e quarenta e cinco minutos. Bairro grande né? Muito!

Não observava ninguém, não via rostos, não via corpos, não observava que eram outros tantos mundinhos paralelos, com suas guerras, presidentes, países, lástimas, crenças e descrenças. Pensei a cerca da minha vocação missionária, como é estranho ter de sair da minha casa para pregar um evangelho que muitos dizem ser mentira, de um Deus que é conto de fadas e de um Cristo que segundo um filme produzido por Peter Joseph (pseudônimo de James Coyman), diz ter sido apenas uma trama da Igreja Católica para controlar seus fiéis, ou obterem mais fiéis. Cristo seria então uma réplica de uma religião egípcia muito antiga, mas muito antiga mesmo. Só me pergunto com qual finalidade a própria igreja faria isso (e olha que nem católico sou, mas respeito à crença de qualquer um). Sinceramente o certo e errado deixou de existir a muito tempo. Viva a pós-modernidade e sua individualidade. Desculpe a expressão baixa, mas vá se catar eu e você, todos nós, pois é mito demais achar que a salvação venha através de mim e você. Deus é o mesmo, mas o ser é uma lastima desde a sua criação! Cria modinhas, conceitos baratos, filosofias baseadas em “obvialidades” tristes que chocam, maravilham, cegam e confundem o que está bem aí a nossa frente, da maneira mais simples possível, da forma mais bela e conceituada.

E continuei a andar. Sem dar muita trela a quem me observava ou comentava, juro ter escutado alguém me chamar pela rua, mas, estava tão entretido com o que escutava e com minha caminhada que nem dei voz de atenção. Continuei pensando sobre mim, sobre seres humanos, como somos voláteis. Havia dito anteriormente que somos uma espécie de universo com seus países, presidentes, monarquias e democracias. Crenças e descrenças, ceticismos e ajudas sociais. Como se a boa vontade pudesse realmente tocar a todos e salvar o mundo. Credo que inocente!

Cada um desses universos é uma constituição de perda de tempo, em busca da fidelidade, amor, vitória financeira e ainda mais, por paz! Mas que paz se nem mesmo sabemos atribuir um conceito em uníssono para ela? Ela é tão indefinida quanto eu e você, nós.

E assim continuei minha caminhada, e cada vez mais meus passos ficavam firmes, olhava cada vez menos para o chão, meu semblante sério e robusto, cara de mal como sempre. As panturrilhas começaram então a arder, sentia que ela começara a fazer efeito, o bem-estar estava começando a fluir e os pensamentos cada vez mais intensos e cíclicos.

Lembrei-me então do tema e título que me pediram para ter como base e escrever algo, comecei a pensar que possivelmente a paz está voltada e intimamente ligada a liberdade. Mas qual liberdade, já que esta é um leque aberto, com suas ramificações e subjetividades? Comecei nesse momento a escutar “Everyday Is Exectly the Same”. Enquanto Trent Reznor berrava em meus ouvidos: “todos os dias é a mesma coisa, não há amor nem ódio aqui, todos os dias é a mesma coisa aqui”. Imaginei seres ocos, opacos, buscando por várias coisas que se interligam, se manifestam como se fossem uma só, mas que de tão interligadas, podem assim serem separadas pois separadas elas fazem muito mais sentido. Contradição que faz sentido mais uma vez!

O que é liberdade se não a vontade de tocar o puteiro e sumir? É a primeira coisa que nos vem à mente. Querendo ou não ela é demasiadamente confundida com libertinagem, que para nós parece ser bem mais cogitada e atraente, tanto sexualmente como moralmente. Se a realidade é ridícula, então vamos logo arrebentar o que já está arrebentado e o que há para se arrebentado!

Enquanto isso a paz ganha força, meio que por osmose ela se sustenta nos nossos desejos e escárnios. Nesses surtos de anarquismo e ganância material, a paz parece criar forma humana, consciência, personalidade própria. Chego então a me questionar se realmente devemos buscá-la... Claro que devemos se somos dotados de conhecimento, do bem e do mal, de criar e destruir ou até mesmo deturpar, porque não deturpar o que é mal, já que deturpar é fazer contrário?

Talvez a paz esteja em Deus, nos seus mistérios e excentricidades que nos provocam ateísmos e gnosticismos. Talvez ali esteja à verdadeira liberdade, que não precisa da contradição muito menos da oposição ou deturpação para assim se fazer real ou útil! Mesmo quando o medo resolve esmagar a fé, é aí que somos fortes, fortes para negar, fortes para fantasiar, criar teorias, desacreditar, zombar e fazer muita coisa sem nexo tomar forma de verdade absoluta ou mesmo parcial!

Talvez aí esteja o nosso galardão e descanso que tanto inculcamos em deixar de lado, pois é inacreditável e fora da nossa realidade seguir tal coisa! É na loucura e incompreensão que as maravilhas se tornam claras, é no inacreditável que os olhos se desvendam e podem enfim enxergar o que antes estava bem aí a nossa frente, da maneira mais simples possível, da forma mais bela e conceituada.

Chego em casa, tomo um banho, fico cheirosinho, me olho no espelho... Como uma academia faz falta, há praticamente um mês parado me restou apenas fazer alguns exercícios com um botijão de gás vazio no quintal e minhas caminhadas vespertinas, com sortidas músicas em meu mp4.

Deus faz sentido diante da paz.

- De um grande amigo:

“Ainda lembro dos meus tempos de criança

Quando tinha a esperança

Que a minha vida era fosse um

Barco a vela livre sempre doce pra mim


Quando vivia no meu mundo de brinquedo

Esperando que o medo fosse embora

Como as nuvens que pairam

Sobre um lindo jardim


Pintava flores coloridas num papel

Girava num carrossel

De encontro a braços apertados esperando

Que pudesse parar



E hoje em dia fico esperto, fico mudo

Esperando o segundo em que o mundo

Inteiro e gire e volte a ser o que era há tempos atrás

Seguindo a dança dos meus tempos de criança

E a beleza da infância eram feitos como versos

Encantados e cantados para dormir


Quando um beijo, um sorriso e um abraço

Combustível do meu barco que era a vela

E os ventos me levavam para longe daqui.”.


- lekus –

...

Ao som da minha própria mente

Parte 3


- O Social –

Paz é um conceito egoísta. Paz é um conceito exclusivista: Paz nos remete a guerra. Paz nos remete a confusão social. Paz nos remete a estado de calamidade pública. Paz me faz recordar que o amor não foi o suficiente. Paz me faz enxergar que a destruição só existe porque todos querem um motivo para lutar por Paz. Paz me faz recordar de que o relativismo está deturpado. Paz é a cura não encontrada para a AIDS. Paz é sinônimo de escárnio. Paz são confusão e desavença psicológica. Buscar por Paz é como observar um jumento, que coitado, não pode olhar para os lados por conta dos olhos estarem tapados. Paz é a busca constante em preencher um vazio. Paz é pobreza cultural, social, financeira, espiritual e moral. Todos os contrários de Paz que se fazem mais sentido no nosso dia-a-dia, e como a buscamos.

No entanto, se você observar um pouco mais, Paz é talvez, sentar-se com os pés na areia, debaixo de um coqueiro escutando o mar quebrar logo ali. Paz é nadar em dinheiro. Paz é ter amor. Paz é ser amado. Paz é engolir a mentira. Paz é ser são. Paz é ser cordial. Paz é buscá-la por um minuto, mesmo que por um único minuto e possuí-la. Mesmo que a mesma seja pura utopia. A Paz vem como a chuva no fim da tarde, mas só no fim da tarde. Paz não é de todo necessária, são na guerra que se constroem os movimentos, conceitos, críticas, fidelidades, amores, fatos sociais, mártires, eu e você, um filho, a esperança.

Paz virou conceito social. Paz virou objeto de consumo. Paz virou cultura de massa e produto nas prateleiras dos shoppings e supermercados mais próximos de você! Coisa sem sentido.



Domingo pela manhã, durante o culto

Parte 4


- O Ser Humano –

O presente para fazer sentido tem que ser congruente com o passado que acontecem constantemente, como fotografias em preto e branco repetitivas. Palavras, gestos, pensamentos, guerras, bombas, tudo, casa segundo se repete no passado para que o presente tenha sentido.

Morremos, pecamos, nascemos a cada segundo no passado, sem que percamos sentido. A vida são pinturas fotográficas cronológicas... A paz se encaixa nisso.

Sua busca, minha busca constante, ainda que egoísta e mesquinha aconteça a cada segundo e se repete como quadros a cada segundo, no passado, fazendo o presente ter sentido, a paz ter sentido. A paz gera comunhão, mas também gera brigas e discernimento. Tudo isso ao ser individualista que querendo ou não, o é!

A paz é razão pura, e por ser razão acaba por me transformar em um ser sem sentimento às vezes. É a lógica em abstrato.

Concluo meus pensamentos a respeito da paz, afirmando que sou uma repetição constante. A morte é um trauma. Não fomos feitos para morrer, nós falamos com os nossos olhos... O ser humano não quer morrer. Por quê? Medo, incerteza? Ou simplesmente o ceticismo de ali tudo ter o seu fim?

Onde estará a essência de estar vivo então? A essência em amar, viver, no conhecimento, na crítica, nas relações? Existe sim algo que inculca e martela a mente de cada um... No entanto, o orgulho não permite que isso venha à tona, não só o meu, mas de qualquer um.

A paz está em amar incondicionalmente, mesmo que isso não me ou te atribua reciprocidade. A paz está na concepção de ordem, está nas suas e minhas crenças, no que elas podem gerar ou não tranqüilidade.

Paz é um fator arbitrário!

A paz não oprime, a paz se repete no passado para que a nossa busca no presente faça sentido. Ela faz sentido no amor, em Deus, no século, em gestos ternos e suaves... No ser humano, mesmo diante de todas as suas lástimas e bestialidades.

Depois de escrito, li João capítulos 14 e 15. Fim!

3 comentários:

Camila disse...

amore sendo sinceraa,eu naum lii tdoo ;S maas li sobre a paz e mais um pouco :)
olha ficou muuuitooo boom *--*

bejoo

Anônimo disse...

adoreiiiiiiiiiiiiiiii...muito bom...e fui primeira a ler todo ...recordi *.*
hehehe
mais serio...adorei..
beijo budz
=*

Abiodun Akinwole disse...

caramba véi, demorou pra eu ler tudo^^.

abração.