domingo, 23 de novembro de 2008

Versos que só eu entendo!

Onde está aquele sentimento
A idealização
O ET de Spielberg
Os cordéis que outrora quisera ler e recitar
Não recito a mim mesmo
Quem sabe versos turbulentos e cinzentos
De uma literatura da seca.

Onde está o Cristo moreno crucificado em meu peito
Sustentado por uma correntinha de latão
Onde estão os gemidos da Nossa Senhora
Que dizem interceder por nós
Onde está a ciência dos ateus e agnósticos
Diante dos cordéis que outrora quisera ler e recitar
Não recito nem a mim mesmo
Quem sabe versos turbulentos e cinzentos
De uma literatura de retirantes.

Eu ali escorando num balcão de supermercado
Olhava ruffes deliciosos
E me imaginava como deveria viver dentro de um pacote
Pronto para uma criança cheia de vícios e com problemas cardíacos
Aos 11 anos, comer-me e depois fazer bolinhas de caca do nariz
Eu fico aqui acuado olhando com um pedaço de pão nas mãos
E outros tantos numa sacola
Onde estão os cordéis que outrora queria rasgar e queimar
Pois eu sou quase um gibi
Um guru das ruas
Dos males detestáveis de seres sãos porém vazios
Cults por seguirem um padrão onde tudo é revestido de cultura.

Onde está a minha redenção de Nossas Senhoras e Cristos negros
Pendurados em meu pescoço com cordões de estender roupa
Onde está o meu ceticismo diante das várias revoluções
Das várias mulheres que já passaram por meu sexo
Por meu coração
Por minha vida
Por meu “eu”
Que deseja mais do que nunca, algum conforto, alguma palavrinha.

Eu não sou excêntrico
Eu não sou notícia de jornal
Eu não sou sorridente
Eu não sou o ET de Spielberg
Eu não sou crente
Eu não sou humano
Tampouco um cordel de retirantes, de sequidão
Nostalgia e letargia
Apoiados em uma garrafa de cachaça
Para a imagem ser cada vez mais deplorável.

Oh yeah Deus!
Oh yeah mundo!
Oh yeah Marcos, dê-me licença pois eu preciso passar
Eu preciso respirar
Eu preciso descansar
Amar
Bater com a cabeça num poste e dormir.

6 comentários:

Alê Periard disse...

"Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação."

Você escreve muito bem, sua poesia é uma crônica bem elaborada.

Beijos.

Víctor Hugo disse...

esse texto fico uma merda!
heheheh
PEGADINHA DO MALANDRO!
texto fodastico, sem coments!!

Lica de Oliveira disse...

É bom demais pra ser entendido.

Alê Periard disse...

Ctrl C + Ctrl V sempre que algo (texto, charge, quadrinho, imagem) vale a pena! ;)

Anônimo disse...

interessante... gostei da parte do gibi... =D

Mara disse...

O legal nem eh entender, mas imaginar.