domingo, 8 de março de 2009

Carne da minha carne, osso dos meus ossos.

Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar;

E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão.

E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.

Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.”

Gênesis capítulo 2, versículos 21 a 24.



Eu sou um apaixonado pelas mulheres. Todos os dias, momentos, datas, lugares, não interessa, eu sou um apaixonado por elas. Pertenço a famílias cujos ambos os lados (materno e paterno) elas são maioria. Convivendo com este ser curioso, muitas vezes bobo, porém forte e determinado, aprendi a vê-las como um presente, uma virtude.

Tentarei ao máximo fugir dos clichês sobre a mesma ser isso ou aquilo, apenas porque alguém convencionou uma data para que elas fossem homenageadas ou lembradas. Coisa desse tipo para mim é como o Natal, Ano Novo, Aniversário, para mim todo dia é Ano Novo, Natal, Aniversário... Admiro-as porque tive ótimos exemplos de varoas, não só na sociedade como dentro da minha casa. A começar pela minha finada avó materna, Dona Marieta. Pequenininha, branquelinha, de saúde frágil (asmática), pôs seis filhos no mundo, todos peraltas. Mesmo bem idosa, com alguns relapsos de memória, ainda zelava, cuidava, admoestava para que sua prole e seus dessedentes tivessem aquilo que ela teve como ideal de família. Minha tia, Jovelina Maria, exemplo de eloqüência e inteligência. Minha mãe, Maria Amélia, exemplo de que a persistência no sonho, em conservar os valores cristãos e morais/éticos, ainda são válidos. Esta, além de ser minha figura materna é também minha figura paterna.

Fazendo um nexo contextualizado, outras também me chamam a atenção. No âmbito político-filosófico, Hannah Arendt, alemã, fugitiva da loucura nazista, era judia. Emocionou e revolucionou metanoicamente a mente de milhares do seu tempo e até hoje intriga e ilumina a mente de terceiros. Na literatura, Clarice Lispector, escritora brasileira nascida na Ucrânia, com sua linha introspectiva, trágica, cortando a realidade com pinceladas dramáticas, porém sinceras. Na música, não poderia deixar de falar de Cássia Eller, Elis Regina, Janis Joplin, Édith Piaf, tradutoras da alma, poetisas. E não poderia esquecer-me delas, as mulheres do contexto bíblico. Talvez as que mais me intrigam, enfrentaram o preconceito por serem mulheres, o preconceito de crença por crerem em Cristo. As únicas a realmente estarem diante Dele no momento da crucificação, com exceção de João (único a representar corajosamente os discípulos), as únicas a ter sensibilidade de zelar pelo túmulo do Filho de Deus, e as primeiras a terem o prazer da notícia da ressurreição.

Não sou do tipo de me enveredar por muitas paixões, relacionamentos. Sempre fui muito seletivo, chato para essas coisas. Exijo das pessoas aquilo que elas têm preguiça ou medo de expor, talvez pelo fato de não for de total costume da maioria. Mas, o fato de ter tido todos estes exemplos e outros adotado como algo ideal feminino de companheira, faz com que minha bagagem seletiva seja concreta, objetiva. Não é qualquer papo, pessoa, estilo, status quo que me fascina. Às vezes acredito ter nascido para ficar sozinho, apenas para observá-las, vê-las como algo inédito, sempre e sempre. Me pego observando suas siluetas, tiques, gestos quase que programados, ou até mesmo aquelas que agem por instinto de preservação pessoal, moral, ético, estético. Inseridas num contexto de educação machista com mercado de trabalho preconceituoso, vistas muitas vezes como objetos sexuais (infelizmente algumas se deixam levar pela banalidade e não se vêem como provedoras da estabilidade e ordem, dum equilíbrio entre os sexos opostos).

O que noto é que elas hoje sustentam famílias, são cada vez mais esforçadas, mais e mais inteligentes, fascinando, complicando, libertando, apaixonando.

Sou um apaixonado pelas mulheres por aquilo que elas somam para o meu caráter e por me fazerem mais homem, em persistir até alcançar os objetivos vigentes. Obrigado mulheres por vocês existirem, mesmo vocês sendo chatas, neuróticas, frescas demais as vezes, mas vocês são o nosso coração, a nossa alavanca de força e incentivo, a cor que falta ao preto e branco de nossas vidas. Carne da nossa carne, osso dos nossos ossos.

Texto dedicado à Welda Batista, jovem membra da igreja da qual sou membro (Batista do Calvário em São Luís – MA), que faleceu esta madrugada às 1h45min do dia 8 de março de 2009, não suportando a luta contra o câncer. Que o Santo Espírito de Deus possa estar confortando o coração da família dando-lhes a certeza de que o céu está em festa pois mais um filho de Deus se achega ao Pai, e isso é motivo de alegria também pois ela está contemplando a graça que é estar diante de Quem nos fez.

14 comentários:

Unknown disse...

ow..que lindo, me sinto privilegiada por ser amiga de uma pessoa q nos valorize tanto =D. Só não gostei do "chata, neurótica e fresca" hehehe

Natália

Frank Lima disse...

[...]vocês são o nosso coração, a nossa alavanca de força e incentivo, a cor que falta ao preto e branco de nossas vidas. Carne da nossa carne, osso dos nossos ossos.

querido Amigo Marcos, discordo com otexto citado da Biblia, em nenhum momento a mulher saiu da costela ou qualquer outro membro do homem, este relato mostra o quanto a biblia tambem foi machista ao denigrir e baixar a imagem da mulher.

mas, em suma seu texto esta otimo, diante de tal plenitude, fico sem palavras para falar sobr um ser que não sai de minha cabeça, um ser que me apaixona a cada dia, que faz eu abrir meus olhos e continuar achando que algum dia nosso mundo ainda poderá ser melhor, parabens a todas as mulheres, todas àquelas que lutam diariamente por um lugar mais democarito no nosso espaço, parabens e ao mesmo tempo desculpo por todas as atrocidadades, todos os males que cometemos a voces.

M. A. Cartágenes disse...

Caro Frank, fé ou crença são coisas que não se discutem. Acredito que o fato dela ter sido formada a partir do homem, mostra que ambos são do mesmo pó, mesma carne, mesma matéria, portanto iguais diante de qualquer autoridade ou coisa do tipo!
Considero seu comentário um tanto senso comum.

Mas respeito sua opinião!
Paz mano.

Carolina disse...

Adorei o texto, mas a parte do "mesmo vocês sendo chatas, neuróticas, frescas demais as vezes"... tsc tsc

to de brinks

Bjoks

Anônimo disse...

Buuudz.. Posso te escutar falando esse texto.. Tua cara demais essas coisas!! Prometo que se não soubesse que tu era o autor, na hora ia lembrar de ti
=**

Víctor Hugo disse...

otimo post...
na realidade nada seria de nos se nao fosse as mulheres!
parabens pelo texto, muito bom mermo!
abraço!!

bittersweet disse...

eu achei esse texto tão bonito, mas tão sincero!
marcos, você é um sensível.
=]

Pauliane MS disse...

Eu não sou chata, neurotica e fresca... *mentira*

Adorei, Marcos. ^^

Pauliane MS disse...

ah, e obrigada pelo Selo Conectou! Blog nota 10.
Agora que eu vi... *emocionada*

Unknown disse...

Sim, frescas, neuroticas, chatas e envolventes.O cor de rosa que falta ao preto e branco da vida.
Muito bom seu texto,parabens e obrigada!

Mara disse...

"chata, neurótica e frescas" com certeza!heiuheiuheiue... essa mistura é que faz a diferença..
sem esquecer da grande sensibilidade feminina, acho que é o que mais me encanta. ^^

Fernanda H.A. disse...

Lindo! Adorei!

Bgsmil *:

Variado! disse...

Gostei do blog... parabéns!

Alessandra Castro disse...

É...A gente é legal. :D