sexta-feira, 13 de março de 2009

Libertarismo

Simplesmente seja
O que você julgar ser o melhor
Mas lembre-se que tudo que começa com muito
Pode acabar muito pior

- Muito Pouco [Maria Rita]

 

 

Jean-Jacques Rousseau disse “O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe.”. Discordo! Para mim a natureza humana é rebelde, portanto, Jean-Jacques, na minha concepção fez o caminho inverso. Bondade ou pureza de coração, em termo de essência, não em comportamento, mas o ser em si, é um ideal de vida algo a ser alcançado.

Ou seja, se fôssemos bons por natureza não teríamos que sofrer bruscos contrastes de educação, de valores éticos, morais e religiosos constantemente, onde a família escola e estado têm papel crucial na formação de caráter de cada um que nela estão inseridos.

Acredito que sempre irá existir uma relação de dominação, um ciclo vicioso de quem está no poder (seja intelectual ou físico) para com quem está à mercê do poder. Faz parte da natureza humana o “ter”, arrogância do “ter”. Mesmo que tivéssemos um caráter humanístico igualitário, estaríamos corrompendo o nosso semelhante, dominando-o a acreditar na nossa ideologia “libertária”. Não deixa de ser uma luta pelo poder.

A bondade/pureza de Rousseau, a mesma bondade/pureza que ele diz nascer com o homem que se perde com processo de inclusão social, na relação que o mesmo precisa ter com outros semelhantes para ajudar na formação do seu caráter, a transformá-lo num ser sociável, comunitário... Essa bondade/pureza é um ideal a ser alcançado. É como se Rousseau tivesse visto o sentido inverso da evolução que dizemos fazer parte. Como? Como se nascêssemos velhos e retrocedêssemos com o passar do tempo até acharmo-nos bons/puros como uma criança que acabara de nascer. Portanto, dizer que o ser humano nasce bom/puro é o mesmo que dizer que ele morre com o ideal de ser bom/puro, pois para mim o ser é rebelde desde o momento em que nasce. O próprio fato de tentar ser bom/puro mesmo não o sendo, é uma iniciativa de rebeldia para com a própria essência em não se conformar com a natureza em tese. E tudo isso faz sentido com os vários modelos éticos, morais, religiosos e político-sociais que nos são enfiados goela abaixo quando finalmente conseguimos respirar com os nossos próprios pulmões!

A bondade/pureza, o esforço em tentar ser melhor é afirmar a imperfeição. Que fique claro aqui, a bondade/pureza dita não diz respeito a comportamento, mas sim a essência.

Uma peça para se encaixar em outra, precisa ter fissuras e buracos, imperfeições. Unida a outras também imperfeitas elas então constroem algo curvilíneo ou côncavo, perfeito. A imperfeição é que nos faz perfeitos.

A bondade/pureza é um ideal de vida, a moral e a ética são mutáveis, ou seja, heterogenias. Faça você mesmo suas prioridades, aceite seus buracos e demônios, conviva com eles dizendo “não” para que você faça sentido. Tenha uma forma.

3 comentários:

C. Camargo disse...

Grande!!!
é a materialização do que penso muitas vezes, com muito mais eloquência...

abs...

Alessandra Castro disse...

Um ótim oe coerente ponto de vista.

Anônimo disse...

O homem é mutável... de natureza ou não, aliás,fica sempre á critério do ser humano ser bom ou não... enfim... heheh... uma questão complicada.

Obrigada pelo comentário em meu texto... se Joana existe ou não... talvez exista, talvez não.
Só sei que convivo com ela há 22 anos... rs.

Beijos, volte sempre ao antiga astúcia e ótima semana!