quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Johnny Walker

Mesmo possuindo tanto eu quero sempre mais!
Observo aqui e acolá e percebo o quanto minha barriga está cheia
De sons, sensações e experiências, metade destas nem são minhas
Como uma esponja ou uma lupa sugando tudo, transformando em algo maior
Inundando, incendiando ou ampliando.

Mesmo que eu sorrisse com bem mais frequência
Mesmo que eu respirasse esses ares cheios de carbono
Como se estivesse com um cigarro aceso em meus pulmões
Eu quero tanto, e, cada vez mais
Seja você com suas belas pernas abertas vindo em direção a minha virilha
Ou algum livro que vi numa estante de psicanálise ou sociologia.

Se eu pudesse ousar um pouco mais, seria pendurado como Cristo
Mas preferiria ser pendurado como Pedro, de ponta cabeça em reverência ao Altíssimo
Quem? Eu? Pode ser.

Quando saem palavras pelos meus dedos, desconfio quais sejam os heterônimos que resolvem brigar por essas mesmas palavras.

Ando observando demais
Acumulando algumas coisas, percebo que o medo me invade e talvez por isso prefira me preservar de certas emoções
De certas desavenças, de certas vivências, de certos casos e situações.

Já fingi ser muita coisa pra tentar evitar o que eu já estou farto
Pois a verdade não cabe mais entre os meus neurônios
Que de tantos colapsos insistiam em dar espasmos e autismos.

É certo que desejo coisas ternas e boas para o espírito com alguma frequência
Mas, também me convenço de que elas não me pertencem, não conseguem serem construídas nessa vivência e corpo
Não se fixam na imensidão do buraco negro, na briga entre os valores e o que se quer saciar.

Como se os remédios ou exorcismos pudessem dar conta.
[...]
Estou de volta aos velhos tempos de tentar ser a velha matéria inquieta... Como uma boa dose de Johnny Walker.

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