quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Minúcia

Os meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par

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Estava a algumas semanas conversando com uma pessoa que aprendi a gostar e ter um prazer máximo em trocar idéias madrugadas afora. Ela é do Rio de Janeiro, tão distante e ao mesmo tempo parece também estar mais perto do que muita gente que está por perto. Estava conversando com ela algo sobre relacionamentos, planos, desejos, etc.; argumentei que tinha algo escrito sobre o que penso o que vivo e sinto ultimamente sobre o assunto. Ela de prontidão apenas me indagou o porquê de eu não postar isso no blog, tenho lá meus motivos. Primeiro porque é uma mesmice imensa falar sobre amor ou qualquer coisa vinculada ao peito, coração, sentimentalismo em geral. É pra lá de moda, e, sinceramente, não tenho muito saco pra tanto. Mas, analisando bem depois as coisas, pensei “Porque não?”. Então cá está o texto, quem o ler, espero que se divirta ou que no mínimo me critique, dialogue, argumente comigo.

[...]

Não sou dos mais pacientes, muito menos delicado ou sensível em alguns aspectos e circunstâncias. Penso que cada coisa ou reação e atitude tem sua hora e momento, pode parecer utopia usar tanto racionalismo, mas eu sou um cara cansado de muita coisa e prefiro ficar na minha para a maioria delas.

Penso que certas coisas não deveriam sair de moda, como o chapéu, vestidos de bolinha, sapatos bicolores, os namoricos na praça, andar de mãos dadas na frente dos pais de ambos, fazer aqueles programinhas de fim de tarde com a vovó, flores sem motivo até mesmo aquelas de canteiro de jardim...

Penso que a minha falta de sutileza acaba por me fazer ser um tanto bruto e seco para a maioria dos acontecimentos, situações. Não tolero frescura, não interessa qual seja o que seja, gosto da convicção, da decisão, de gênios e personalidades fortes sem a pessoa deixar de ser feminina.

Há quem confunda delicadeza com feminilidade. Jamais! É aquele grande lance de “uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa”. Acredito que se até agora nada em termo de relacionamento na minha vida não tenha dado certo não é à toa.

Penso que tudo coopera para um aperfeiçoamento constante, assim como a minha insistência em não abordar temas como esse que estou tentando escrever... Eles já são muito batidos e dedutivos.

Assim como Nando Reis descreveu em “Luz dos Olhos”, que a meu ver é mais bem interpretada com Cássia Eller no Acústico MTV. Pois bem, assim como o Nando descreveu, assim o quero um dia, ou ao menos anseio e desejo... Qual pessoa que não guarde um pouco de ternura para si não quer um pouco daquilo que está na letra da música?

Penso realmente que certas coisas não deveriam ter saído de moda porque tudo é tão fútil e reciclável, tanto que prefiro ficar sozinho e quanto mais sozinho melhor. Mas, eu não mistifico ou enalteço toda essa coisa, na verdade eu apenas acho bonito, terno, suave. Eu em minha agonia constante, adrenalina interna constante realmente vejo que seria saudável algo assim. No entanto, até que alguém tão birrento e que me afronte sem deixar de ser feminina e ao mesmo tempo sem ser fresca e cheia de manha desnecessária aparecer... Até, prefiro ficar sozinho; e como é bom ficar sozinho!

Hoje em dia as pessoas não investem mais em si mesmas para serem homens e mulheres primeiramente para si mesmas, pois, consequentemente a partir do momento que olhamos para aquilo que almejamos e valorizamos ser e querer termos como prioridade, automaticamente o que tocamos e tivermos ao nosso redor se transforma ou no mínimo nota essa característica excitante e extremamente atraente.

Ultimamente o corpo mais parece um corrimão onde as pessoas se apóiam para poderem subir algo ou evitar quedas. A boca mais parece um ânus de tanta doença e nojeiras ditas, engolidas, sorrisos sem gosto, vida sem gosto, conteúdos vazios.

Eu que não sou sutil, eu que não consigo pôr em palavras verbais o carinho que sinto quando realmente sinto e falar como outrora já me pediram para falar. Não vejo que ser trancado seja algo ruim, na verdade é apenas um bom desafio a mais. Imagine que você realmente possa batalhar em finalmente conseguir destruir um muro imaginário que certa pessoa possua, e mesmo assim depois de ter demolido esse muro você ainda consiga observar detalhes mesmo que já notados, mas detalhes gostosos e ao mesmo tempo repulsivos.

Ainda prefiro cultivar o bom aperto de mãos, as flores de canteiro de jardim dadas sem motivo prévio, o namorico na praça, andar de mãos dadas na frente de amigos e familiares, tudo isso sem ser tosco, chato, mimado e fresco. Gosto de detalhe, das minúcias!

Até lá, cantarei muito “Luz dos Olhos” em meu subconsciente, vivendo minha vida com todo o jeito peculiar que possuo. Sorrindo e esperando sem ansiedade.

6 comentários:

Unknown disse...

Eu me achava um cara extremamente difícil, mas você deve ser mais. Tomara que essa pessoa apareça logo, ficar sozinho não deve ser tão bom assim!

Feliz 2010 (solitário ou não!)

Belo texto!

Ғεяηαηδιηђα ♥ disse...

É meu amigo...
Eu também gostaria de ter sido dessa época da flor de canteiro...
Mas vc me conhece e sabe q eu não daria muito certo com alguém exatamente como você..
Além do mais eu sou cheia de manha, mas isso não vem ao caso.
Adorei o texto, você realmente sabe se expressar, eu mesma não saberia colocar tudo isso em palavras.
E se você acha q não sabe botar pra fora o que sente, então você é um turbilhão de sentimentos.
Te adoro <3

Suzana Beckman disse...

Fiquei fascinada com teu texto.
Há tempos não lia algo tão bem escrito e com que eu me identificasse tanto.
Concordo contigo que às vezes é melhor estar sozinho. Concordo contigo que certas coisas não deveriam sair de moda. Chamar os outros de "broto" é uma delas... hahaha
Beijos.
www.sabortangerina.blogspot.com

Barbara disse...

Jovem, na verdade, tudo começou quando as mulheres quiseram ser como os homens e daí que não se vê tanto mais os vestidos de bolinhas nem o "glamour" do chapéu por aí, nem mulheres que "desenrolem" um certo novelo de ternura na direção de um homem - porque não o desenrolam nem na direção delas mesmas.
Mulheres e homens perdidos é o que vejo.
Ficar sozinho é bom sim, na verdade é a coisa mais saudável, pois os relacionamentos - mesmo que bons - são sempre desafiadores.
Como andar em fios - os da ternura que poucos sabem como desenrolar para tecer com o outro, uma história no mínimo, verdadeira em sentido.
Obrigada e desculpe ter entrado sem pedir licença.

Dani Pedroza disse...

Ai ai, assim você acaba comigo. Já disse, né? Honra enorme ser citada por aqui. Mas a felicidade maior não é nem por isso, fico feliz mesmo é por perceber que fiz parte, ainda que um pouquinho, de uma coisa bonita de se ler. Bonita não porque fala de coisas bonitas (até porque seus textos invariavelmente falam mesmo é daquela parte que as pessoas tentam esconder, tentam não ver), bonita mesmo porque é sincera, autêntica e, como eu já havia previsto, foge da mesmice que vc tanto despreza. No fim das contas, querido, o que determina a essência de um texto não é o assunto, mas a abordagem, a forma que o escritor vê e se expressa em relação ao tema escolhido.

Por falar em tema, preciso fazer um comentário sobre o conteúdo do seu post. Como sempre, vejo as coisas de forma muito parecida e muito diferente de vc, tudo ao mesmo tempo... rs. Acho também que muita coisa que é importante vem sendo banalizada, acho que os valores estão tão deturpados que está virando "bonito ser feio", ou seja, é valorizado ser hipócrita, vendido, prostituído mesmo e o que antes era legal agora é piegas.

Mas quer saber? Discordo (e isso vc já sabe) que se fechar tanto é a melhor coisa a ser feita. E tenho um argumento lógico pra isso (eu tinha que ter, né? aliás estou argumentando com o marcos, não com o cara da esquina que concorda com tudo que digo... rs), então, vamos ao argumento lógico, vc não é uma pessoa que se deixa levar por uma cara bonitinha, vc não é uma pessoa que coloca a sua felicidade (se não me engano nem acredita nessa felicidade azul de bolinha branca) nas mãos do outro, vc convive, compartilha, mas sabe que antes de tudo tem que cuidar de si mesmo. Por tudo isso, acho que vc pode dar a cara a bater tranquilamente, se der certo, ótimo, se não der, acredito que não vai morrer por isso. Olha eu atacando de Freud, coitado, se revirou no túmulo agora... rs.

Ahhh... há uma outra coisa que vejo diferente. Não acho que as coisas que vc citou deveriam voltar à moda. Não porque não prezo cada uma delas, muito pelo contrário. Moda é repetição, é tornar tudo homogêneo, parecido, como um rolo compressor que vem e compacta, amassa tudo, muito "padrão" pro meu gosto. Melhor do jeito que está, a maioria não curte, mas quem gosta, gosta e fica bem claro quem é quem.

E outra, o texto ficou sim a sua cara, viu? rs... Bjs !!!

Alessandra Castro disse...

Ahhh relaxa que eu esperey 23 p/ descobrir a tal felicidade.