sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Suspiro nostalgico

Ao som de “Corcovado” do Tom Jobim, interpretado pelo Quarteto Jobim e "Atrás da Porta" do Chico Buarque

A nostalgia parece que está me infernizando de uns tempos pra cá. Numa noite dessas, madrugada na verdade, conversando com um grande amigo enquanto retornava para casa, comecei a rir alto pensando como a vida é um troço engraçado.

Digo isso porque quando éramos mais novos (conheço-o há 6 anos) ele sempre conversava comigo sobre as derrotas no sentido amoroso e familiar. Dizia ficar frustrado às vezes, pelas mulheres ingratas da vida e pela família desestruturada que possui. De todos os empecilhos que rondam nossas vidas e nos ajudam a moldar o caráter, crescer, ser mais prudente e coerente, nessas duas questões citadas eu me sentia ser congruente com ele.

Hoje o cara está casado, não no civil, sem esses atrasos de vida que são os contratos matrimoniais. Resolveu manter vivo o mito de dizer “eu te amo” todos os dias para a mesma pessoa mesmo quando ela está um porre por conta da TPM, ou pelo fato de que é real e um grande problema lidar com outro ser humano, se abster de certas coisas em prol do outro, não para o outro mas para o bem, amadurecimento, admoestamento e felicidade de ambos... Se isso é amor, então eu sei amar, só não fui amado. Digo que os contratos matrimoniais são um atraso porque casamento a meu ver é “união de casas”.

Ou seja, cada pessoa é uma casa quando um dia percebe que os móveis e pintura da outra podem completar, embelezar, somar, aperfeiçoar os nossos detalhes particulares enquanto residências também. Simples, o cara fez isso! Está realizado, feliz, e já tem mais de um ano que a história se mantém firme mesmo com todas as dificuldades que aparecem nas intempéries naturais da vida.

Mais engraçado ainda é que quando eu, ele e alguns poucos amigos se juntam, parece que o tempo não passou, que a beleza de ser escroto e idiota ainda reacende o que está em nossos peitos.

Parece que entre os mais íntimos o tempo não passa, o que muda é a presença e disponibilidade. Tiro como eu mesmo exemplo, só é possível ver os poucos que ficaram perto quando estou de folga do trampo, e, isso é quase um milagre o qual se concretiza pelo menos uma vez por mês, trabalhando de domingo a domingo sem parar e tentando estudar à noite.

Observo esse meu amigo, cuidando da casa, saindo pra fazer compras com a mulher, dividindo os gastos, programando a vida de um modo que fique plausível para ele e para ela. Pensam até em filhos, mas não agora, já que têm consciência de que filho é algo caro e requer dedicação em triplo.

A vida é um troço engraçado. Pego meu busão às vezes fico olhando pela janela, filosofando coisas pequenas que aparecem na vida, motivado pela trilha sonora constante em meus ouvidos. A gente se organiza tanto, fica agoniado com outras tantas, sofre em demasia por outras mais e se formos olhar afinco, elas são pura merda e perda de tempo.

Pode parecer genérico, mas de uns dois anos para cá tratei apenas de viver a minha vida em toda intensidade que me for permitida. Não apenas pelo fato de gostar da intensidade e adrenalina, nem porque sou jovem e quero ter todas as sensações que me forem acessíveis, acho que vai mais além, como ser sincero consigo mesmo indo até o mais minúsculo dos poros da pele.

Ao chegar o fim da tarde estou esgotado, boto meu sambinha ou bossanova e vou sorrindo com o canto da boca batucando os pezinhos incorporando a alma do malandro que tanto se canta, percebendo e vivendo internamente cada detalhe incrível que realmente os malandros têm algo na qual ajudam a despistar os dias cinza da vida ou até mesmo os coloridos.

3 comentários:

Barbara disse...

"Malandro é malandro e Mané é Mané"
Zeca Pagodinho

Mané não és.

Unknown disse...

olá
acho que por mais que o tempo passe nós não perdemos o sentimento que nos liga as pessoas que gostamos e é por isso que sempre quando juntamos tudo parece estar o mesmo, porque na verdade o sentimento que uniu sempre esteve ali, ainda que as distancias fisicas por conta da vida de cada um tenham permitido os desencontros.
Uma vez alguém me disse algo que até hoje me marcou: "Olha as pessoas ficam dando desculpas:nao te procurei por falta de tempo, correria, mas na realidade, as pessoas sempre arrumam tempo para o que elas consideram importante pra elas e se elas não te procurarem não é por falta de tempo, é porque simplesmente você não é prioridade na vida delas."
achei o argumento meio presunçoso, não me vem na mente a noção de que eu seja prioridade pra todos que me estimam, mas concordei que realmente existe essa coisa de culpar a vida e o tempo pelas coisas que deixamos de fazer.
Estes tipos de leituras sobre as pessoas e o que elas fazem, nos enriquece por dentro e de certo modo nos transforma.
:)
Abraço bloguistico.

Dani Pedroza disse...

Esse texto está mais leve que os habituais. A aceitação traz uma espécie de paz.

P.S.:Gostei muito da trilha sonora.