sábado, 3 de abril de 2010

Transportando o vazio

Ao som de "Mechanize" da Fear Factory



"O vazio é o meio de transporte pra quem tem coração cheio
Cheios de vazios que transbordam pelo meio
Meio que circunda o infinito tão bonito de tão feio
Feio que ensina e que termina começando pro passeio..." - Moska




De repente um vazio se apoderou do ambiente
As luzes ficaram mais fracas, nem amarelas nem brancas
Nem mesmo os grilos cantavam e o vento deixou de zunir
Somente o som do meu coração se tornava estridente e insuportável
Como gostaria de rasgar o peito e jogá-lo fora
Todo e qualquer som agoniava e dava sensação de desconforto.

Oro e rogo aos céus um pouco de conforto nesta matéria cansada
Lesada e fadada aos mesmos erros de sempre
Pudera eu saber o dia e a hora do fim das coisas
E quem sabe assim antecipar para acabar de vez com o que já perdeu a graça há tempos
E quem sabe assim pudesse sorrir e me entregar a algo realmente relevante
A causa a qual defendo perdeu o seu impacto
A relativização tomou conta do que era unitário
Nós os servos nos deixamos inundar por qualquer coisa sem sentido
Tudo pelo prazer, tudo pelo prazer
Tudo pela curiosidade
Tudo pela carne, a mesma carne que ao pó voltará.

Como é finita a minha mente
Estendo e tento tornar infinito, longo, duradouro o que não faz sentido em ser
Como todo peregrino, eu detesto os lugares por onde passo
Sou peregrino porque anseio voltar para a minha casa
Isso tudo aqui é por demais dedutivo
Dispenso o senso comum.

Todas as outras coisas são mera consequência
E a que consequência o ser atribui como consequência?
Para qual fim ela veio a existir? Ação e reação? Um início e fim? Livre arbítrio?
Eu tento dobrar meus joelhos em qualquer canto onde me sinta à vontade
Às vezes sinto como se falasse somente para o meu ego
A que ponto chegou o individualismo e a sequidão da essência
Por essas e outras: como todo peregrino, eu detesto os lugares por onde passo
Sou peregrino porque anseio voltar para a minha casa
Isso tudo aqui é por demais dedutivo
Dispenso o senso comum.

No entanto, tudo que é meu é Teu
A esperança ainda bate no peito
Um peito surrado e cheio de marcas por conta das pancadas
De um ser que já está cheio de rabiscos pelo corpo
Cabelo mal cortado, alma e espíritos carregados
Lá no fundo, certa ternura ainda existe brilhando como uma luz insistente em meio as trevas
Trevas são a ausência de luz, então, a insistente luz é quem roga por mim
Eu que não tenho mais vontade de lutar
Apenas entrego em Tuas mãos, lugar de conforto e bem-estar verdadeiro.

Tu escutas isso por acaso?
Eu sei que sim... Então, agrada-Te deste que já fatigou até de si mesmo e toma para si os encargos de consciência que são ínfimos, mas enormes para esse ser que vos entrega
Como bem disse também: a minha realidade não é a Tua, a minha finitude contrasta com a eternidade
Portanto, agrada-Te mesmo assim e alivia as marcas
O silêncio e as batidas aceleradas do meu coração.

Nenhum comentário: