domingo, 4 de abril de 2010

Trilogia

- Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.
- Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.
- Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos.
[...] I Coríntios 12:12-14





Parece uma ousadia dizer isso, mas dentro da minha realidade o é: A igreja enquanto instituição espiritual está falida! Mas antes que possa parecer senso comum, o mesmo senso comum que detesto, vou explicar por tópicos, o que a meu ver, é realmente ou deveria ser “Igreja”. Dividirei este post em três partes. Espero que se divirtam, dialoguem comigo, aprendam algo a mais, mesmo que não creiam em tal, mas essas coisas fazem bem. O conhecimento agradece!

O primeiro tópico diz respeito à Igreja quanto uma organização, mas também um organismo. Ou seja, para aqueles que estão realmente lendo isso, interessando-se ou não pelo assunto, iniciei meu texto com uma passagem de I Coríntios 12:12-14. Recomendo a todos que leiam todo o capítulo, pois ele é a porta e chave para o capítulo 13, o mesmo que muitos dedicam a seus amados (as), mas de nada tem a ver com relações afetivas (vocês me entenderam).

A questão “Igreja” é uma organização no que diz respeito a sua estrutura. Como qualquer outro grupo livre ou não de estar ligada ao governo, ela tem os seus estatutos, regras, normas de conduta, lideranças e sub-lideranças. No entanto, ela é ao mesmo tempo um organismo. Como? Ao entrarmos para uma instituição religiosa, não somos mais “Maria”, “João”, “Pedro” ou “Marcos”, somos um só corpo chamado corpo de Deus. Portanto é um desafio constante conviver, viver e sobreviver a pessoas totalmente diferentes de nós tanto na essência como na estética, cultura e maneiras de ver e encarar o mundo ao derredor.

Essa é a parte interessante de estar inserido (a) em uma igreja. O ideal de igreja está longe de ser o que vivenciamos atualmente: interesses deturpados, “pequenas empresas e grandes negócios”, prepotência, imposição de dogmas, preconceito e arrogância. O que presenciamos diante de templos entupidos, pessoas cegas pela palavra de lavagem cerebral que muitos aplicam é a mais completa alienação indo totalmente de contra com o ideal de Deus, escrito em Provérbios 1:5-7:
O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá sábios conselhos; Para entender os provérbios e sua interpretação; as palavras dos sábios e as suas proposições. O temor do SENHOR é o princípio da SABEDORIA e do CONHECIMENTO; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.”.

Logo, é por meio da razão e do entendimento que se faz um culto aceitável a Deus. Não é por meio de rosa ungida, unção com óleo, cobrança de dízimos exorbitantes nem santidade desenfreada acompanhada de jargões sem pé nem cabeça, muito menos gritaria, chororô e espiritualidade aparente. O servo de Deus é por excelência o melhor dentre os melhores, porque servir a Deus é o maior privilégio que um ser humano pode ter, e com ele está uma responsabilidade imensa em fugir do senso comum, mostrar o Reino dos Céus como ele é: aberto a todos que entregarem suas vidas a Cristo porque ele é o elo de todas as coisas. Para Ele e por Ele são todas as coisas.

Fazendo um adendo, falei em rapidamente sobre dízimo, coisa que causa muito disse me disse. Vou explicar para que foi criado o dízimo. Quando Cristo estava entre os homens, muitos destes largavam tudo que tinham para servir a Deus, não porque Ele mandava, mas por que Ele convidava e o próprio livre arbítrio que compete a qualquer ser humano, decidia por seguí-Lo. Portanto, para manter um ministério como aquele, pioneiro e inovador, além de perseguido por líderes judeus e governos da época, missionários, apóstolos, discípulos, todos estes eram mantidos com doações que correspondiam à décima parte de tudo aquilo que os doadores possuíam.

O intuito do dízimo era única e exclusivamente este, tirar uma pequena fração, a fim de que não faltasse para quem estivesse doando, mas que com outras doações pudesse ser o suficiente para manter a obra que eram viagens para pregar em outros lugares, além de alimentação e outros mantimentos. Como bem diz em Atos dos Apóstolos 4:32-35:
E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.”.

Nos tempos modernos, com o advento da luz elétrica, água encanada e os demais impostos, o dízimo serve para esse fim e único fim, além de manter com um aspecto aceitável o templo em que oramos, louvamos e desfrutarmos do conforto de bons bancos, água e energia elétrica.

O ser humano é fadado ao erro, a corrupção, a cair nos mesmos erros. Para isso Deus criou a Igreja, pois ela é o corpo e a referência que o homem deve ter, onde possa haver união, comunhão. São outras várias pessoas com problemas semelhantes, ou não, buscando um ideal em comum que é Cristo. Cristo liberta cura, alivia o fardo pesado e vivifica a alma. Se certas coisas acontecem e indignam até mesmo pessoas como eu que nasceram em lar cristão, onde líderes de igreja e missionários fazem parte, que dirá para quem está de fora? O grande lance é não julgar uma parte pelo todo, antes de tudo é conhecer para poder se apropriar de certa crítica ou fazê-la cair por terra.

Mas voltando ao assunto, é através da Igreja que Deus se manifesta ao mundo, infelizmente o que está havendo é a manifestação do interesse e da ganância humana, mostrando um Deus da lâmpada mágica, do espetáculo, e punitivo. Deus é Pai, misericordioso, bondoso, compassivo, fiel mesmo que não sejamos. Como todo pai, deseja o melhor para a sua prole, no entanto não se mete nem interfere no que a prole deseja ou ambiciona. Existe essa grande diferença entre “vontade de Deus” e “vontade permissiva de Deus”. A vontade Dele é que vivamos em abundância e sigamos o Seu caminho, mas se optarmos por insistir em nossos próprios interesses sem a consulta Dele, Ele assim o permite para que aprendamos que o melhor caminho é o Dele não a nossa autarquia.

Deus não quer escravos nem alienados. Deus quer mentes livres, sábias, críticas, cientes do certo e do errado e que o tenham como foco e objetivo. Para concluir, me utilizo da passagem que está em Efésios 1:22 e 23: “E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.”.

O primeiro tópico foi esse, outros dois ainda virão, e espero ter surtado algum efeito. Se não, tudo bem. Apenas compartilho o que constantemente converso comigo mesmo.

2 comentários:

Heitor Cardoso disse...

Conversar consigo... não sei se consigo conversar. Entende?

Dani Pedroza disse...

Há muitas coisas que poderiam ser ditas sobre esse post. Mas, como você bem disse, não é prudente discutir um assunto sobre o qual o meu conhecimento é bem raso. Mas, já que não sou a pessoa mais prudente do mundo... rs.

Não acho que a Igreja seja a forma que Deus se manifesta ao mundo. Acho que o ser humano lida muito mal com o poder, o poder deturpa valores, muda interpretações. Por isso acho que a Igreja (seja ela de qual religião for) não consegue ser uma verdadeira expressão dos ensinamentos Divinos. Acho apenas que a Igreja é uma necessidade. Ela é necessária a nós, seres pouco evoluídos que precisam de uma concretização física, regras, uma instituição pra poder sentir que algo existe de verdade. Pra mim, Deus se manifesta em sua totalidade num dia que nasce apesar de tudo, na força das águas, no amor que às vezes se manifesta tão claramente dentro de nós por pessoas que nem conhecemos.

Quanto ao dízimo, concordo que surgiu com bons propósitos, mas ele só faz sentido num contexto de confiança e acho difícil manter a confiança hoje em dia. Ver "religiosos" andando em caminhonetes de luxo enquanto a maioria de seus fiéis vivem na pobreza não faz muito sentido pra mim.

P.S.: O seu convite chegou num dia tão difícil que me arrancou um enorme sorriso. Aceitaria com certeza. Bjs.