domingo, 2 de maio de 2010

Rabiscos de um velho precoce

Ao som de "Myxomatosis. (Judge, Jury & Executioner.)" e "Nude" da Radiohead



Rabisca, picha, sangra e não sai nada
“eu não presto eu não presto”, já dizia o tal do Chico Buarque em “Sob Medida”
Nem mereço apreço
Muito menos afeição
Sou como uma muralha esperando ser derrubada
Como um cético esperando algo para crer
Alguém que possa me tragar sendo eu intragável.

Cinza, névoa, vento ameno
Sento na porta de minha casa enquanto cai uma chuva torrencial
A pele oriça
O nariz funga
Os dedos engelham
O corpo pede abrigo e a mente insiste em querer obter o controle de todas as coisas
A mão treme por isso e por aquilo
Mal consigo escrever, mal consigo pensar muito menos me dedicar a uma boa inspiração.

Cavo meus próprios poços
Desdenho da sinceridade afetiva de tantas
E dessas tantas, tantas desistiram pela minha descrença
Por esse peito ser nervoso e palpitar mais que próprio coração delas
Mulher tem aquela forte necessidade de cuidar, de mimar, de ser mãe.

Descubro um sorriso guardado
No sonho que ainda almejo
Na esperança que resguardo
No afago que faz falta
No dedo em minha cara exigindo uma satisfação
Cadê a louca que jurou estar aqui apesar de todos os entraves do mundo?

Tá, é apenas um mero momento
Onde a falta de inspiração contrasta com adrenalina inutilizada
Eu sou um chato nato
Quase um velho precoce.

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