segunda-feira, 7 de junho de 2010

“Fear Campaign”

Ao som de um bocado de coisa, em especial “In The Colors” do Ben Harper […] ainda num vi letra mais linda que essa

 

O bom de estar trampando em uma instituição pública é que você conhece inúmeras pessoas, cada uma com sua particularidade intrigante dando-se sempre a oportunidade de aprender constantemente a lidar com elas para que determinadas funcionalidades tenham êxito.

Tava eu em toda minha gordice idiota começando o dia na minha salinha lá no trampo. Diferentemente do que é costume diário, escutei uma música que fugia a regra das demais. A da vez foi “Maio” da Kid Abelha. Não que eu não goste da banda, eu gosto (culpa da minha irmã que escutou incansavelmente o cd e DVD dado como presente pelo que hoje é ex-namorado), mas é que é aquele grande lance de minúcias que fogem do/ao trivial.

O especial dessa versão acústica é a linha de contrabaixo que acho muito linda, ou seja, por si só já conquistou minha atenção além de detalhes na letra, é claro. Pois bem, estava eu escutando essa música e ao mesmo tempo conversando com uma das analistas ambientais que trampa na mesma sala que eu e não sei como, mas a gente chegou ao assunto “casamento”, e ela me disse algumas coisas curiosas, como: estar junto da mesma pessoa por 27 anos ininterruptos além do desafio mais do que constante lidar e conviver com outra pessoa por tanto tempo.

Sinceramente eu nem tenho idéia do que seja passar tanto tempo assim junto com alguém, o máximo que consegui foram míseros dois meses e meio. Vai, pode rir, eu não ligo. Não que eu não deseje algo em longo prazo, apenas as oportunidades que tive não foram suficientemente sadias para isso.

Essa analista me fez levantar um pensamento engraçado: estar junto por tanto tempo é estipular sucessivos acordos quase diários a fim de que algo entre duas pessoas, no sentido afetivo, obtenham êxito. Certa vez conversava também com Gildson Júnior, um dos escritores do blog Badulaques sobre algo parecido. Chegamos a uma conclusão de que tudo nessa vida são interesses. E “interesse” não no sentido pejorativo, mas sim naquilo que os sentidos se sentem instigados a ficarem aguçados, curiosos.

Se você projeta algo com alguém inicialmente você tem interesse em que o sentimento seja recíproco e por fim que se encontrar objetivos, gostos e particularidades em comum. Interesse para mim é isso! É também saber que se está com tal pessoa (e vice versa) porque ela é a única a tolerar todas as bobagens, infantilidades e coisas repugnáveis que outras não teriam paciência (também vice versa). Convencionalmente se pensa que tudo aquilo já citado no texto surja por conta do lado positivo das coisas. Eu discordo! Para mim o que promove crescimento mútuo são os déficits reconhecidos e compartilhados. São eles que unem e que fazem surgir as ponderações, o sentimento recíproco, o cuidado, o zelo, as brigas, o amor.

Estar junto de uma pessoa 27 anos é como não saber o que são R$ 100 mil na minha conta bancária. Tô tão acostumado ao que chamo “ajuda de custo” que realmente foge da minha mente essa futura possibilidade. Imaginem as tremendas discussões, como também alegrias, detalhes da vida que somente a dois podem ser compartilhadas. Não sei bem como colocar em palavras, mas, é algo grandioso demais para se perder numa pós-modernidade sem profundidade e pra lá de relativa como a que estamos inseridos agora.

Eu preciso de alguém sem o qual eu passe mal sem o qual eu não seja ninguém; eu preciso de alguém” já dizia o refrão da música da Kid Abelha. Costumeiramente esboço aqui um pouco do meu ceticismo para certas coisas, como também para situações iguais a essa que estou tentando escrever. Mas uma coisa sempre me incomodou: por mais que quisesse ser uma ilha em todo o meu individualismo casual e seletivo, o ser humano tende a detestar estar sozinho. O ser humano cresce imitando, evita problemas observando erros alheios, faz coisas grandiosas influenciado por outras, o ser humano é o significado da palavra “contradição”.

Como o tema é casamento, apego, afeto, cumplicidade... Tenho um plano muito tosco e bobo pra ser mais sincero. Se algum dia Papai do Céu ficar muito doido e disser que eu vou passar por essa experiência, a música “Luz dos Olhos”, melhor interpretada na voz da Cássia Eller o Acústico MTV será a música que eu cantarei na recepção pós-celebração. Assim como “Pela Luz dos Olhos Teus” do Vinícius seria a música de início de cerimônia matrimonial. Eu sei isso é estranho, é o problema de ter mulher demais na família, aí a pessoa acaba se “contaminando” com esses detalhes que são convencionalizados pela sociedade como sendo próprios das mulheres. Sei não...

Enfim, poderia escrever muito mais, mas, não quero me tornar redundante. Fico aqui e ali a observar algumas pessoas, uma especial, mas sabe quando é melhor ponderar para futuramente obter o tal êxito que disse? Pois é... Se é que esse êxito será alcançado por mim. Um pouco de cuidado e cautela nunca são demais... Nesses momentos é que noto o quanto eu sou um menino ainda.

3 comentários:

Samanta disse...

Realmente, Fear Campaign. A gente tem medo de morrer só, mas também tem medo que do contrato (antes o atrito que o contrato!).
Correr funciona, mas pior que correr é a espera do amor de comercial de margarina ou similar.
Só sei que também desconheço a fórmula.

Nanda Assis disse...

boa semana querido!!

bjosss...

Dani Pedroza disse...

Engraçado. Outro dia estava conversando com um amigo exatamente sobre interesse e individualismo. Estava dizendo que essas palavras não têm o peso negativo que as pessoas costumam dar. Tudo que fazemos, até o que fazemos sem querer fazer, é determinado por um interesse. Todas as escolhas, inclusive as pessoas que escolhemos. Se opto por estar com alguém é porque essa pessoa me interessa, corresponde (ou ao menos parece corresponder) a um (ou alguns) interesse meu. E individualismo é saudável. Aquela velha máxima: Como saber o que eu quero se não penso em mim? Conhecer é demais, mas me reconhecer é o mínimo pra que eu possa ser uma pessoa "convivível" (tá, essa foi péssima...rs).

Gostei mesmo foi do fim do post. Bjs.