quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Austeridade procrastinada

Dia desses eu ouvi que independente de um casal estar muito bem estruturado, isso não impediria de terceiros parecerem interessantes a eles. A intenção aqui não é pregar a não monogamia, é apenas admitir que o ser humano quer ser exclusivo, mas e ao mesmo tempo adora cobiçar o que não é seu e ter o que não deve; mais uma dessas contradições que fazem todo sentido. É de sua natureza sempre querer mais, desejo lascivo, cobiça e saciar seus hedonismos.

Admitir que outrem é interessante e que existe o desejo de posse não quer dizer que esse desejo talvez possa ser saciado. Socialmente falando sobre isso, quando ocorre, o homem sempre se dá bem e a mulher é mal vista. Para mim tanto faz como tanto fez, ambos cometem o mesmo erro, isso é, se realmente chegarem ao ato. Por conta disso, a meu ver não existe traição, até porque quando alguém “pula a cerca” está totalmente ciente do perigo de ser descoberto (a). Pessoas “pulam a cerca” porque querem e pulam porque procuram o que não tem ou não recebem do seu parceiro (a). Talvez falte apenas um pouco de diálogo, com certeza essa simples ação evitaria muita coisa!

Mas, acredito que o relacionamento a dois é algo muito completo, sem adjacências, apesar dos pesares e contrapontos. Talvez eu realmente seja careta e à moda antiga demais em me reservar singular em vez de plural. Penso que as mulheres gostam da segurança e querem um pouco de confiança, estabilidade ao mesmo passo de adorarem que todos os dias sejam diferentes dos outros. Apesar da inevitável rotina, ser surpreendida nos detalhes e descobrirem multifaces numa mesma pessoa dão um ar de mistério e combustível a elas. Na teoria isso é muito bonito, mas na prática nem sei o que dizer. Não sou dos melhores para opinar.
Molhando a minha língua
Abrindo a cortina
Iniciando a rotina
Ativando os calafrios
Sinto a pele esquentar
[...] Trecho de O Objeto do projeto 3NaMassa.

Você sabia que as mulheres falam muito mais de sexo do que os homens? Homem tem necessidade em se auto-afirmar. A mulher contém-se em ser o que precisa ser, quer pra si ou para quem ela achar preciso. A mulher se conhece, se deseja, se excita em apenas ver-se no espelho ou ao observar outras mulheres. Homens são grosseiros, rudes, preconceituosos, cheios de tabus, atrasados quanto aos avanços da sociedade e totalmente pouco evoluídos psicologicamente. Acredito que se nós, homens, pudéssemos apenas saber ouvir mais e fazer mais sem esperar algo, situações finais seriam melhores. Antes de qualquer coisa, mulher é um ser naturalmente emocional brigando o tempo todo com o racional, homem é carne travando com intelecto.

Talvez por isso essa tensão entre homem e mulher seja tão forte, tão necessária. Com a mulher, o homem aprende a ter mais zelo por si, a ser mais contido, a focar os detalhes, a ter cheiro e não fedor. Descobre que pode ser pai um dia, aprender a dedicar-se mais a algo diferente além da sua própria vida. Aprende que não precisa expor sua masculinidade apenas para representar o elo forte do casal, etc.
Certa vez conversava com uma pessoa, ela falando sobre mil coisas ao mesmo tempo e só deu pra extrair isso aqui: “Homens mantém sua rede de casos bem fixos e totalmente independentes. Opta por apenas uma única pessoa se realmente essa tal pessoa fizer por merecer, pois caso contrário ele vai continuar na gandaia. Mulher quando começa a se envolver, se envolve de corpo e alma com uma só pessoa, sua rede de casos se resume a um só ser e pronto! Talvez por isso ‘sofram’ tanto.”. Bem, eu não sei se isso é verdade, mas faz lá seu sentido. Só sei que não se pode generalizar, porque o homem é tão bobo quanto a mulher e a mulher é tão sacana quanto o homem!

Com o homem, a mulher aprende que pode ser cada vez independente, pois homens não prestam para muita coisa a não ser antes de tudo como criadores de dor de cabeça; aprendem a serem mais simples, menos ligadas com opiniões alheias, mais donas de si, mais austeras, a coçar o saco em local público, a saciarem seus desejos sexuais e morais sempre que lhes der vontade, a serem tão dominadoras e comilonas quanto eles. E o principal: descobrem que não precisam da figura masculina, sempre tenaz, para nada e que os homens são eternos bebês prematuros em suas mãos.

Mas, antes de qualquer coisa e apesar de tudo, ambos aprendem que mesmo com tanto antagonismo, ser um par é algo inevitável. Tipo como terem coisas e situações, vidas para trocarem entre si sem o auxílio da solidão, pode parecer até importante. Contradição por natureza; engraçado, ridículo e bonito ao mesmo tempo observar todas essas coisas.

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