terça-feira, 12 de outubro de 2010

Quase afasia coletiva

Foi preciso um tempo para eu me acalmar e tentar escrever algo. Os dias andam tensos, mil coisas rolando, a maioria silenciosa e com pouca expressividade. Sabiam que essa porra toda, tudo e todos, é um grande jogo de interesse(s) onde até nós mesmos fazemos parte? Tudo é hipocrisia, sabia?

É tudo uma grande rede essa que começa com o que eu penso aqui, que outro resolve agir, que outro não engole e resolve reagir, aí se cria um murmuro, e depois disso nascem os grupos que evoluem para ideologias, posteriormente manifestos, facções, até que finalmente encabeça uma enorme rede de interesse alicerçada em uma só coisa: o ser e sua idolatria por si próprio.

Parece besteira, mas está tudo interligado. É o famoso caso da causa/conseqüência, problemática/resultado, efeito/desfeito. Tudo parte de interesse(s) e os peões somos nós mesmos que criamos esses interesses. Unimos e agregamos mais outros para esse pensamento ser fortalecido, mas na verdade esses pensamentos partem de interesses unitários e singulares, jamais plurais e coletivos.

Certa vez tava na minha leitura costumeira da Bíblia, e eis que me deparo com a famosa passagem que está em Romanos 1:24. Diz assim:
“Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si;”

Acho que pai nenhum deseja o mal de seu filho, até porque o mesmo é parte dele e homem algum quer enfiar uma faca na própria mão, dar um tiro no próprio pé, dar açoites nas costas e dizer que tal coisa é boa. Se existe algo chamado livre-arbítrio, o mesmo serve de resposta para a passagem bíblica e para o que estou abstratamente falar, o interesse. Já pensei mil vezes sobre isso e cheguei a conclusão de que o livre-arbítrio é ao mesmo tempo um mal, como também um bem.

Sermos entregue para o nosso próprio covil, para o nosso devido dissabor. Tudo parte de interesse e o interesse nesse caso é suscitar a introspecção no que é valor e posteriormente re-avaliar o que são prioridades. O mundo parece rosa, cada um com sua vida pacata, correndo atrás do tempo e da sua subjetividade. O mundo parece cinza para quem finalmente desperta, abre os olhos, tira a sujeira diante deles devido o longo sono.

Parece que não há muito que se fazer se não apenas esperar ansioso pelo fim disso tudo. Nem jogando as cartas, nem sendo fraco, apenas reconhecendo que todo esforço é vão, até mesmo o de se satisfazer.
O finado Jeff Buckley cantou certa vez em Eternal Life:
“Não há tempo para ódio, somente para algumas perguntas:
O que é amor?
O que é felicidade?
O que é uma vida?
O que é paz?
Quando vou encontrar a força que me libertará?

Em bom português aos péssimos entendedores; Enfim, é isso...

3 comentários:

Maria Rita disse...

Diria que o livre arbítrio é muitas vezes um bem vestido de mal, e certamente existem coisas que só cabem a nós transformar.

Muito bom por aqui, voltarei!

Beijos pra Ti

Eliza Barroso disse...

Grande verdade, mas pra mim é já é sabido. Esse joguinho de interesses existe, é o tal 'esquema'. O grande lance do jogo é não se perder dentro dele. Bom texto!

Nanny disse...

o mundo se torna cada vez mais cinza a cada vez q a gente desperta.