primeiro veio o silêncio 
não havia nada nem ninguém para dizer como as coisas deveriam ser 
descaso, afasia, desinteresse, rudez... 
em seguida veio a surpresa 
aquela sensação de ser invadido por algo que já se assumiu ter medo 
e porque tanto medo? 
porque tanta proteção? 
porque essa necessidade de estar na defensiva? 
isso lá vai evitar a dor? 
isso lá vai evitar que o impacto seja menor? 
que os danos sejam bem mais mínimos? 
em algum momento o peito fica mais aberto 
o coração parece não ter mais razão 
os sentimentos se transformam em rojões 
os membros ficam involuntários 
os olhos totalmente neuróticos 
por fora aquele sossego 
por dentro maremoto afogando gente 
logo mais veio o abandono 
aquela velha sensação de apartheid, segregação, isolamento 
os ouvidos tapam, o peito se agita tanto como se estivesse tendo uma taquicardia 
as mãos tremem feito Parkinson 
os olhos querem voltar-se para dentro do corpo 
a alma pede para evaporar 
o espírito só tende a clamar: "misericórdia, misericórdia, misericórdia" 
ademais, o silencio volta 
entra o estado de crônica 
auto-bate-papo 
auto-consolo 
auto-ironia 
questionar-se até onde ir e porquê 
tudo que se quer é um conforto, algo que seja quente, seguro 
que possa estar farto de tanta coisa nunca nem mesmo imaginadas 
condensando aqui e ali fazendo cair toda sorte de bons estados 
a letargia se mistura com a ritmia do coração e sentidos quando os olhos a veem passar 
nada é como deveria ser, isso é, se algo deveria "ser" 
por fim, continuo a dizer: "tudo que se quer é o conforto, quem sabe um confronto, a necessidade de lutar para ter e depois lutar para poder manter; nada que dois seres que doem mutuamente aquilo que querem receber assim não o possam encontrar juntos" - amor!
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