quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Ansiedade

primeiro veio o silêncio
não havia nada nem ninguém para dizer como as coisas deveriam ser
descaso, afasia, desinteresse, rudez...
em seguida veio a surpresa
aquela sensação de ser invadido por algo que já se assumiu ter medo
e porque tanto medo?
porque tanta proteção?
porque essa necessidade de estar na defensiva?
isso lá vai evitar a dor?
isso lá vai evitar que o impacto seja menor?
que os danos sejam bem mais mínimos?
em algum momento o peito fica mais aberto
o coração parece não ter mais razão
os sentimentos se transformam em rojões
os membros ficam involuntários
os olhos totalmente neuróticos
por fora aquele sossego
por dentro maremoto afogando gente
logo mais veio o abandono
aquela velha sensação de apartheid, segregação, isolamento
os ouvidos tapam, o peito se agita tanto como se estivesse tendo uma taquicardia
as mãos tremem feito Parkinson
os olhos querem voltar-se para dentro do corpo
a alma pede para evaporar
o espírito só tende a clamar: "misericórdia, misericórdia, misericórdia"
ademais, o silencio volta
entra o estado de crônica
auto-bate-papo
auto-consolo
auto-ironia
questionar-se até onde ir e porquê
tudo que se quer é um conforto, algo que seja quente, seguro
que possa estar farto de tanta coisa nunca nem mesmo imaginadas
condensando aqui e ali fazendo cair toda sorte de bons estados
a letargia se mistura com a ritmia do coração e sentidos quando os olhos a veem passar
nada é como deveria ser, isso é, se algo deveria "ser"
por fim, continuo a dizer: "tudo que se quer é o conforto, quem sabe um confronto, a necessidade de lutar para ter e depois lutar para poder manter; nada que dois seres que doem mutuamente aquilo que querem receber assim não o possam encontrar juntos" - amor!

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