tá ouvindo esse barulhinho?   
deixa cair, deixa tocar, deixa fazer barulho    
tem algo em nós dois que é inquieto em não querer ficar calado    
tem algo nesse espaço miúdo e espremido entre nossos peitos que pede um calor    
e mesmo que no silêncio, possa ser abraçado, afagado 
tá sentindo essa paz?   
é só apertar mias um pouco e você vai poder sentir o que eu também sinto    
não te preocupa, meu bem, se parecer piegas    
não te preocupa se nós somos bestas    
somos bestas sim, mas eu prefiro ser besta agora, nesse momento quieto com meu peito tremendo diante dos teus grandes olhos castanhos do que me apartar dessa sensação tão só    
... única e inesperada 
deixa sim eu gravar tuas linhas   
deixa sim eu demarcar cada espaço do teu corpo    
para que nele eu me encontre e nele tenha conforto, segurança    
deixa que nesse brilho estranho e tão próprio no céu da tua boca eu encontre um gosto só teu específico e próprio só pra mim 
espera mais um pouco   
não vá tão longe onde possas me perder de vista    
onde te esqueças do rápido momento que tu teve em mim    
e daquele que não consegui reservar em ti    
e se por acaso a chuva lá fora insistir em cair    
e se por acaso a tempestade não passar    
e se o frio aumentar    
e se o teu medo for o mesmo do meu    
não te isenta de falar, não te aparta de calar, não recusa um toque meu para que o conforto more em teu peito, como abriga na minha inquietude discreta; tão reservada que opta em ser egoísta contigo pelo medo de tu ir com o vento dessa chuva, desse barulhinho, desse ventinho... 
mas ó, se um de nós for embora com o vento, com o barulhinho, com a chuva   
vamos desde já prometer um pro outro não ficarmos tão tristes    
e que besta sou eu em dizer isso    
ué, besta sim! como posso eu tentar fazer um acordo baseado no platonismo meu?    
tá, me perdoa... continua teu rumo e vamos deixar que cada coisa se encaixe quando precisar se encaixar    
onde o próximo peito que estremeça diante do teu sinta pelo menos metade do que o meu propôs tentar tremer    
que te impeça de se molhar na chuva árdua, e, se molhar, tudo bem, tu não vai se molhar só 
merecemos a felicidade meu bem   
seja como for e como vier    
seja na nossa pieguice do momento    
ou no sonho teu em viver o que há para viver    
no sonho teu, nublado e cinzento, incerto do amanhã.
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