quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Quase como pegar o ar leve em câmera lenta

Ao som de Vidas Volantes, da banda cearense Breculê





As 17h de todos os dias sempre foram, são e serão o momento ou hora mais romântico que existe naquilo que chamamos de “dia”. Dia esse dentro dum padrão estabelecido de 24h, onde essas 24h querem sempre dizer alguma coisa, dar novas chances e novas oportunidades e situações... Em suma, apenas as 17h prestam.

O clima fica mais ameno, o ar mistura-se com o frio e o quente, a testa parece não suar mais, as roupas observam o fato e adquirem leveza, resolvem criar vida e imitar o contexto; caminhar na praia parece ser sempre uma ótima pedida, e na ausência de mar opta-se pelos bosques, praças, varandas de apartamento com cafés ou capuccinos acompanhados de uma iluminação suave e serena podem funcionar.

As 17h remetem a um momento de êxtase, de delicadeza, de querer poder tocar aquilo que não podemos beijar quem amamos, cultivar a paixão dos pequenos detalhes e minúcias, abraçar o desconhecido... 17h de todos os dias de 24h nesses anos de 365 ou 366 dias de noites, tardes e manhãs são sempre o meu horário preferido.

Necessidade por necessidade queria eu que todos os dias só existissem as 17h, não elas como um todo, mas apenas a sensação e esse curto momento das 17h em ponto. Sem ser 16h59min ou 17h01min, apenas as 17h absolutas e exatas!

Quem sabe daí, dentro deste único minuto único de cada dia que se repete insistentemente, poderia eu fantasiar aquilo que gostaria que fosse verdade. Eu dentro da minha inquietude, da mistura de caos e calmaria, de destruição e construção, de morrer e nascer... Enfim, com todo drama possível e aceitável dentro das 17h!

A câmera parece que ficou mais lenta, o ar com bem menos densidade, os sons cada vez mais surdos, as cores a se misturarem no opaco-cinza e cores forte-sangue. Dá até pra sentir o cheiro característico que é só dela, das 17h, onde eu posso imaginar qualquer coisa, ter qualquer coisa sem deixar de ser aquilo que sou. Desejar o que não tenho ou não venha a ter, em pelo menos nesse um minuto diário não sentir nada se não eu mesmo em toda sua natureza inexpressiva repleta de contradições que fazem todo sentido.

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