quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

“… um silêncio que sou eu;”

Tenho aprendido um pouco sobre ponderação. Não há nada melhor que o domínio próprio, educação no ir e vir, diligência plena em saber escolher e no que proceder... E como eu me vejo criança diante de tanta coisa e pressão. Os olhos nervosos como um peito que treme fitam-me cobrando resultados. Fico cauteloso, evito falar, acalmo o coração, a esperança se renova de dia em dia. O aperfeiçoamento parece ter se transformado em Lei.

Tenho aprendido sobre a exortação. É com muita humildade, coisa da qual não possuo que bato no peito, açoito a face, espremo a alma como forma de dizer: “Me desculpe, eu falhei!”. É com essa mesma humildade que baixo o ego, esvazio a ganância, murcho a prepotência e engulo o orgulho. Os dias parecem mais pesados, o ar mais seco e as palavras mais ásperas. Tudo corta tudo sangra, tudo range e eu me vejo arisco demais para escutar com bom grado as duras palavras de quem aposta em mim.

Tenho aprendido sobre a ter fé. Pode parecer petulância, mas eu não tinha fé! As pessoas não têm fé! Fé pode ser qualquer coisa ou convicção em alguma coisa ou alguém. Fé pode ser a incerteza na certeza de que amanhã existirá uma providência, de que a vida pode ser incerta e mesmo assim não se abalar ou afligir. Fé pode parecer ser a desistência em entender o ilegível, o gnosticismo diante do que os olhos não podem ver e as mãos apalpar. Fé pode até lembrar a própria fé na esperança e crença em pessoas melhores com suas escolhas mais sábias. Eu creio numa fé em um Deus, um único Deus, sem intermediadores e sem representantes, sem doutrinas e sem intérpretes. Eu creio numa fé plena, uma fé independente, eu espero e confio no Espírito que mora aqui no meu peito...

Tenho aprendido a respeitar o meu corpo. Minha saúde mostra os dentes com raiva, meu sexo se pergunta qual o sentido das atuais escolhas que tenho feito. Minhas mãos irrequietas querem pegar em público o que não se deve e os meus olhos apaixonam viciosamente mesmo que eu me mantenha estéril diante do que é alheio. Eu sou um cretino, eu sou um puto, não me vendo nem alugo, não durmo com alguém desde o carnaval do ano passado, não amo desde 2008 e não me apaixono desde 2009. Meu corpo não sente nada, é frio e indiferente mesmo que não respeite essa ordem e exija algo diferente, quem sabe uma nova iniciativa.

Por fim, tenho me dado finalmente o prazer de descobrir o que é prioridade. Percebo ter sido um fake, o agora não será diferente do ontem, apenas quero dizer que chega, estou cansado... “nunca me esquecerei de que ‘normalidade’ é uma ilusão imbecil e estéril”.

Nenhum comentário: