terça-feira, 1 de março de 2011

Pequenez intensidade

Tem algo em olhos e timbre de voz que me atrai. Sabe-se lá o porquê, mas, talvez seja pela expressão, falsidade, rudez ou total transparência (e também a aparente transparência) que tais coisas podem apresentar a mim.

Gosto dos detalhes, gosto do modo como os cabelos caem por cima dos olhos e do desenho que os pelinhos na nuca, fazem. Algumas nucas têm pelinhos em forma de “V” outros de “M”. Gosto do filete que faz descendo pelas costas chegando à região lombar.

Tem algo no canto da boca que me fascina, em como um pedacinho de carne cortada pela natureza, que no caso é o início da boca tanto no lado esquerdo ou direito, é que faz todo aquele charme. Coisa para poucas pessoas esses detalhes quase irreparáveis! Dá aquela sensação de leveza e ao mesmo tempo uma baita curiosidade no peito carregado de emoção de quem observa.

Gosto também de analisar cada expressão, cada gesto, cada forma de falar e de colocar uma frase após outra que foi dita. Até mesmo quando é para revidar, uma leve afronta. É engraçado observar coisas miúdas, mais ainda quando essas miudezas são carregadas de sentidos subliminares, de rejeições, desafetos ou incompreensões.

Tem situações que o peito fica carregado, a boca sorri, os olhos aceleram os movimentos para um lado e para o outro. As mãos assumem duas personalidades: uma que sua, sofre, arranha, perde as unhas; enquanto a outra acalenta, pousa suavemente sobre o ombro de outrem e manda calar a boca com um só dedo.

Gosto da sensualidade dos pequenos gestos, das roupas aparentemente comuns, dos pés descalços, da maquiagem simples, dos cabelos bem curtos ou longuíssimos, soltos ao vento. Tenho cisma em decorar pessoas, gravar seus cheiros, conversar reproduzindo suas vozes na minha cabeça. Gosto da sensação de neurose e perfeccionismo nas expressões e tranquilidade que possa proporcionar.

O caos, a discórdia, a intensidade, a maledicência, o calor dos corpos, a mão boba, o tapa na cara... Tudo isso com fortes pitadas de silêncio, sossego, aparente quietude e tolerância abusiva me trincam o coração, dilaceram a alma, brilham os olhos, aceleram o gesticular das mãos... Faz-me querer viver um pouco mais, mesmo que por única e apenas imensa curiosidade.

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