terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

… que se agasta facilmente

Cada vez mais me convenço de que existe certo heroísmo em apostar nos relacionamentos. Também me convenço cada vez mais de que lidar com pessoas vai além da arte, é uma questão de dom! Para mim, a necessidade que o homem (entenda essa expressão como sendo no sentido válido para os dois sexos) tem de estar em algum tipo de instituição, em algo que ele possa dar um título, me intriga. Até porque, mesmo que ele acredite não estar fincando raízes ou criando vínculos, de fato estará. Até o desafeto requer um vínculo, uma raiz, uma alma, alguém para odiar e alimentar esse sentimento.

Hoje eu tive a minha primeira discussão séria com a minha namorada, mas, calma lá, isso aqui não é um diário, nem um desabafo, apenas um devaneio de idéias... Contudo, como eu estava dizendo, hoje eu tive a minha primeira discussão séria com a minha namorada. Por mais idiota que seja o motivo, a discussão, pelo menos na minha cabeça, não se concentrou no fato de ela não ter feito o que havia pedido, mas sim em ter ignorado, mesmo que inconscientemente, algo que pra mim naquele momento era e continuará sendo muito importante. Não queira saber do que se trata.

Sou do tipo zeloso, desconfiado e cuidadoso com direito a boas doses de indiferença seletiva. Isso soa bastante dramático, entretanto, na prática, esse tipo de personalidade é bastante eficaz só que talvez ainda não foi captada como gostaria.

Se existe algo que me dá nos nervos é ser ignorado, se bem o ato de ignorar é algo que faço muito bem. Na verdade, detestamos provar do nosso próprio veneno justamente porque ele se volta para nós sempre que o usamos além da cota. Tudo precisa de um limite, uma quantidade considerável para manter as aparências e a ordem interna.

Se depois de tanto tempo eu consegui dizer novamente um “Eu te amo!”, porque diacho um pequeno e ínfimo detalhe, como a minha namorada classificaria, tudo parece querer voltar-se novamente para o interior? É nesses momentos que eu detesto a sensação de as defesas se armando, o coração disparando, a mente se fechando e o muro ao meu redor a começar se reerguer com aquela raiva interna retornando gradativamente.

Também poderia dizer que sofro por antecipação, que destruo minhas relações afetivas e depois faço outras, cumprindo esse ciclo vicioso. Sou tão metódico que até um simples olhar, fora daquele que eu já arquivei, me incomoda, dá náuseas e taquicardia mental. Se eu demonstro algumas dessas coisas? Não mesmo! Guardo e sepulto a minha doença somente onde eu mesmo poderei controlar polir e acariciar. Certas coisas não têm conserto, a gente apenas aprende a conviver e contornar.

É como o esquizofrênico que descobre sua enfermidade e começa a ignorar determinados personagens, condutas, vozes e costumes. Tudo porque ele sabe é que nenhum desses detalhes são de fato reais, embora existam somente dentro dele e para ele.

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