sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ataraxias são para os fracos

“E, quando Deus concede riquezas e bens a alguém, e o capacita a desfrutá-los, a aceitar a sua sorte e a ser feliz em seu trabalho, isso é um presente de Deus. Raramente essa pessoa reflete no fato de que a sua vida é curta, porque Deus o mantém ocupado com a alegria do coração.” - Eclesiastes 5:19-20




Eu sou uma pessoa de gostos simples. Não me preocupo muito se está confortável ou se está rústico, eu apenas quero poder me sentir bem com aquilo que tenho ou venha a ter. Também não me preocupo se está perfeito, pois desde que me traga um sorriso aos lábios, então vou me sentir o mais afortunado de todos.

Na manhã desta sexta-feira (28/09), enquanto fazia o meu momento de devocional (leitura da Bíblia e oração), a passagem em epígrafe logo acima ficou em destaque nos meus olhos. Não sei se vou saber explicar com propriedade a sensação e resposta que tive ao ler esse extrato textual, mas com certeza é de se notar, até para leigos como eu, que os bens e conquistas são presentes e não necessariamente recompensas.

Não é que Deus seja como uma criança em um playground se entretendo com os seus brinquedos ou usando uma lupa para torrar formigas, não é isso... É que enquanto vemos a história com um começo meio e fim prolongado em pelo menos 10 ou 15 minutos à frente, Ele já olha o todo, desde quando ainda éramos sem forma no ventre da nossa mãe até o dia em que voltaremos ao pó da terra.

Ultimamente, eu tenho sido grato por muitas coisas que possivelmente poucos conseguiriam distinguir ou discernir se estivessem no meu lugar: desempregado, solteiro, sem perspectivas com o futuro, sem amigos presentes (apenas virtuais e aqueles poucos que fazem questão de manter algum contato). Contudo, eu constantemente vejo que nessas coisas o Senhor tem me guiado e admoestado.

Entendo que o que eu tinha antes foram presentes, com utilidades desde emocional até espiritual. Eu tive empregos que me ajudaram a aprender e a compreender o dom do Domínio Próprio, do meu ímpeto, da minha constante raiva comigo mesmo e com tudo. Eu tive relacionamentos onde pude aprender a essência de ser um homem segundo o coração Daquele que conhece todos os dias da minha vida, de como zelar e amar alguém verdadeiramente, além de me descobrir ser também uma pessoa capaz de ser um líder de família (Efésios 5:21-32 e 6:1-4); Eu perdi todas as minhas perspectivas de futuro, entretanto percebo que eu não preciso tê-las, pois se eu confiar no Senhor, então isso me basta para viver em paz (Salmo 37:4-5 e 2º Coríntios 12:9). O fato de não ter calor humano das pessoas que mais anseio não significa ausência ou desinteresse, pelo contrário, cada um possui uma espécie de limite próprio e como é bom mesmo com esse limite poder saber que ligações são feitas, e-mails são recebidos, inbox por via Facebook são realizados, sorrisos de conforto e afago são compartilhados (Provérbios 17:17).

A minha vida é extremamente curta! Neste mês de outubro eu completarei 25 anos. E serão 25 anos de muitas lutas, alegrias, de mais perdas do que conquistas, de mais aprendizado do que ensino, de mais momentos de luto do que de alegria (Eclesiastes 7:2-4)... E sabe, eu não me envergonho de nada! Para mim, mais vale repetir tudo novamente quantas vezes forem necessárias e de várias outras maneiras, do que partilhar e presenciar uma vida monótona e sem histórias, sem aventuras, sem choro, sem sorrisos. Mais vale crer em coisas que aos olhos humanos são impossíveis, pois isso produz um senso de dependência divina e de fragilidade quanto à ínfima matéria da qual somos e fomos feitos. O que há de forte e valoroso está na alma, no Espírito e por isso o Crer vai contra toda a lógica, essa mesma lógica que até muitos dos que também creem não entendem.

Se o coração fica apertado, se a alma se encontra oprimida, se os sonhos estão sendo desafiados, se a fé está sendo questionada, se o racionalismo frio e calculista tem feito questão de se fazer presente mais que o de costume, se a primavera da vida não germina mais, se os dias estão cinzentos, se existe alegria somente durante o sono... Enfim, se ainda existe o “se”, então eu vou me alegrar com o que tive e tenho! Então eu vou entender que até o silêncio é um presente. Então eu vou entender que a minha atenção foi desviada para que houvesse alegria em momentos únicos e singelos. E mais ainda, vou crer que dessa vida eu não vou levar nada, pois vim com nada voltarei com nada, com exceção dos sorrisos e toques de amor merecidos.

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