terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Aquilo que se renova a cada manhã

É uma estranha sensação a de querer ficar calado, mas ao mesmo tempo ter tanto o que se dizer, mesmo sem saber muito bem o que seria esse “tanto o que se dizer”. Acho que as mudanças e a conquista de determinadas maturidades se dão desse jeito. Não sei, não posso afirmar com propriedade, só se amadurece uma vez de acordo com o assunto, momento e fase da vida. Em outras palavras, o tempo todo isso aqui é um tiro no escuro, nadar em áreas abissais e contemplar o breu mais breu a ponto de poder tocá-lo.

Talvez o problema seja o de pensar demais, o de refletir e introverter tanta coisa inútil. Se bem que “inútil” é um termo muito forte, cada coisa tem a sua importância, até mesmo o inútil alimenta algo que gera outra, causando sensações, visões, esperanças e sonhos mesmo que bobos e indecifráveis.

Difícil é caminhar com as próprias pernas depois que se acostuma a depender. Difícil é contemplar uma vastidão de vida e ter medo de enfrentar tudo tão só. Mas, chega desse discurso, é como disse a Joyce Meyer (que mais parece uma dessas especialistas em autoajuda dos “cristãos” pós-modernos): “Se você quiser acabar com um problema, pare de falar dele! Sua mente afeta sua boca e a sua boca afeta sua mente.”.

É o obvio estimável, é a grosseria na falta de paciência com o incômodo interior alheio. De um determinado modo, aquilo que falta em um sempre sobrará em outro, não importando se é bom ou ruim. Penso que é exatamente nesse ponto onde entra a tolerância, um bocadinho assim de amor e de força. Todo mundo quer essa bendita fórmula de acabar com todos os problemas, com a fórmula para acabar com a dor e controlar os pensamentos.

Dor se acaba com outra dor, alegria se finda quando se encontra outra alegria maior, pensamentos são interrompidos quando outro mais importante toma espaço na nossa involuntária vontade de querer pensar. Mas, o amor, bem, esse aí é um pouco mais complexo... pode-se até trocar um por outro mais novo e mais interessante, mas o verdadeiro fica ali, guardado em algum lugar só não se sabe bem aonde.

Nesses momentos é que sinto a falta de uma xícara de café. Daquele niilismo deturpado que todo adolescente prova um dia, do desapego e da falta de responsabilidade com o minuto seguinte. Parece que até com as sensações existe certa pressão e preocupação. “Não pode isso e aquilo”; “Não faça isso e aquilo”; “O que irão pensar? Seja homem!”.     Queria poder ter apenas o “não-medo” de sorrir e chorar sozinho sem necessariamente ter de me sentir assim. Como eu disse, é a estranha sensação a de querer ficar calado, mas ao mesmo tempo ter tanto o que se dizer, mesmo sem saber muito bem o que seria esse “tanto o que se dizer”. O tempo todo isso aqui é um tiro no escuro, nadar em áreas abissais e contemplar o breu mais breu a ponto de poder tocá-lo.

Dispense a falta de sentido, ele não vale de muita coisa quando o assunto é holístico, interior e cheio de enigmas pessoais. Sinta apenas.

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