segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Brainstorm

Ao som de “Sem Mentira”, do Fábio Góes

 

Sabe aquelas músicas, por mais clássicas ou clichês que sejam, guardam um magnetismo e uma energia jovial constante?! Pois é... São em coisas assim, nessa set list em constante atualização do meu celular, que me deparo com aquela velha cantiga dos anos 80. Tô falando de “Tempo Perdido” da Legião Urbana. Não sei quantos se sentem angustiados e ao mesmo tempo um misto de calmaria, adrenalina e esperança quando escutam essa música, mas eu sinto isso. E, como bom escorpiano que sou tudo é um brainstorm de sensações e emoções intimistas.

Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo

A vida é um ciclo vicioso, não existe muita novidade diante do que todos os dias nos é proposto pra viver, sentir e degustar. Na real, a meu ver, o que difere uma coisa da outra é apenas a percepção que se dá a um determinado contexto, à intensidade em que se repetem os fatos e com eles os contextos démodés. Mas, por favor, não leve em consideração, pois não tentei fazer análise de nada do que foi escrito aqui. Porque, o que eu sei da vida?! Absolutamente nada, senão apenas noções pra lá de superficiais. Então apenas pense, só pense.

Certa vez comecei a me questionar sobre o tempo. Cheguei à conclusão de que o tempo não existe, metaforicamente falando, é claro, porque o tempo é visto na maioria dos nossos pontos de vista como “oportunidades” ou “recomeços”. Criamos o tal “Ano Novo”, as “sete ondinhas” e demais abobrinhas para causar uma falsa ideia de “um novo começo” de “novas oportunidades e novas chances”. Eu não acredito que o tempo exista, pra mim todos os dias são os mesmos, apesar de ser um ato descomunalmente divino que cada átomo, partícula e coisa estelar se encarreguem de fazer o seu serviço minucioso para nos prover um novo dia, ou dia démodé. Daí, eu considero apenas que as coisas são repetições.

Olhar pra cara das pessoas é cansativo, abrir a boca para dar opiniões somente pelo prazer de dar essas opiniões e ter aquele comichão na barriga de “Oi, me olhem, vejam como sou inteligente!”, é gastar saliva e tomar o oxigênio de quem acredito que realmente precise mais do que a tal falsa sensação de “recomeço”.

Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder.

Escrevi certa vez neste mesmo blog que ando detestando o turno da noite. Apesar de ser adepto do jargão “Carpe Noctem”, mesmo que eu não seja um boêmio ou amante das noitadas, gosto do turno da noite. Gosto da serenidade, do clima mais ameno, da baixa iluminação, do silêncio que ela traz e de como as pessoas ficam mais próximas e românticas com o escurecer das luzes.

E é nesse “Não temos tempo a perder” que sinto aquela euforia louca e desenfreada de tomar todo oxigênio desse mundo, aproveitar a vida, ser feliz enquanto existe força nos meus músculos e inconsequência para poder se arrepender. Não, não sou de total a favor de posicionamentos assim, apenas destaco o que penso e observo. Entre o pensar, sentir e fazer existe um abismo sem fundo.

Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!

Aí você chega até aqui e fica se perguntando “Sim, mas do que esse texto se trata mesmo?”. O texto não fala de nada, só fala de música, e música não precisa ter sentido concreto/objetivo. É como numa frase compartilhada que vi dia desses no Facebook, que diz bem assim: “Prefiro a música. Porque ela ouve meu silêncio e ainda o traduz, sem que eu precise me explicar”.

Veja o sol dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega é da cor dos teus
Olhos: castanhos.
Então me abraça forte e,
Me diz mais uma vez
Que já estamos distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo,
Temos nosso próprio tempo,
Temos nosso próprio tempo

Sem comentários. Martin Luther King já havia dito: “Eu segurei muitas coisas em minhas mãos, e eu perdi tudo; mas tudo que eu coloquei nas mãos de Deus eu ainda possuo”. Ainda prefiro o silêncio, tanto o meu como o de Deus, se bem que o silêncio Dele é ensurdecedor!

Não tenho medo do escuro,
Mas deixe as luzes acesas agora,
O que foi escondido é o que se escondeu,
E o que foi prometido,
Ninguém prometeu.
Nem foi tempo perdido;
Somos tão jovens,
Tão jovens,
Tão jovens.

Tudo são paliativos, efeitos placebos. Meu desapego com as importâncias da vida, das razões de ser ou não ser, de sentir e deixar de sentir me cansam o fôlego. Como velhos precoces, resmungões, desastrados e cheios de falsas experiências, nos angustiamos por coisas que talvez nem iremos viver.

Ainda espero pelo dia de amanhã como uma redenção. Não necessariamente a liberdade de algum sentimento de culpa, não existe culpa aqui em questão, existe apenas a redenção dessa insistência naquilo que não cabe quadrado em espaços redondos.

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