quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Homenagem

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O ser humano passa somente por dois grandes traumas na vida, o primeiro é ter que nascer. Quando você está dentro do ventre materno tudo é muito confortável, desde temperatura até quem faça as coisas por você. O corpo da mãe é quem elimina suas fezes, urina, limpa o corpo e respira por você. Ao nascer você perde isso tudo, você, literalmente falando, luta pra se adaptar e viver, assim como em todo resto da vida, adaptação e lutas constantes.
O segundo grande trauma é morrer. É difícil para a mente humana conseguir assimilar corpos inertes, um corpo que não interage mais com você. Por exemplo, mesmo debilitado, doente, fraco Sr. Bonifácio ainda falava. Interagia, era um ser pensante, tinha uma essência, mas agora não, agora ele é só um corpo inerte sem vida, vazio. Isso é difícil para o ser humano assimilar, acreditar.

É nessas horas é que muita gente se apega ao divino, como forma de consolo, mas um consolo consciente. Eu sou uma dessas pessoas. Foi como eu observei a minha avó numa maca de metal fria no hospital Português lá no centro. Aquele corpo não era a minha avó, era apenas a representação material dela. Minha avó mesmo está com Deus, contemplando aquele que a criou no ventre da sua mãe, que conhecia cada centímetro, debilitação e querendo ou não é algo que temos de nos alegrar! Regozijar, porque é o desejo de muita gente estar diante de Deus! Pelo ao menos o meu é...

Mas no momento a única coisa que temos o direito de sentir é tristeza, dor, porque a morte causa isso. Rompimento. Trauma.
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Somos apenas matéria, que por um curto espaço dentro da bolha material do tempo resolve insistir em existir. Nascemos com um propósito e morremos com outro! Quais são eles eu não sei, não acredito que toda uma vida seja posta a prova constantemente sem algum sentido, ordem, algum controle ou vontade fora da nossa esfera pequena e restrita que é a humana.
Sou apenas um jovem que pensa a respeito da vida e mais nada.

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