quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Eu me desprendo e desmembro!

A psicanálise força o ser a procurar a resposta em si mesmo. A crença em alguma divindade faz nascer uma relação de dependência do ser em espera por esta resposta, pois o mesmo a atribui como verdade absoluta... Talvez por isso a descrença esteja se tornando cada vez mais forte, as pessoas transgredirem contra si mesmas, abandono de valores e principalmente a loucura! O individualismo existe porque o ser quer obter respostas, no entanto, é preferível não saber nada a ter muita coisa na cabeça!

Por estarmos inseridos em um cotidiano, onde temos a razão, dinheiro, prazer, acabamos por ser tolos. Pois nos encontramos na apatia. Como Lacan disse, somos macacos apáticos que falam, que se habituam pelo simples fato de falar e se viciar. Repetitivos, cansativos e pervertidos.

Estamos capturados pela estrutura de linguagem, perdemos nossa essência pela variedade de escolha ou a falta dela, ou seja, “Beber, cair e levantar”.

O ser acaba por ver o seu semelhante apenas como um objeto de satisfação, parceiros sexuais, drogas, bebidas, até mesmo o fanatismo religioso poderia ser encaixado nesse quesito. Lacan simplifica isso quando diz que o poder da fala é a maior arma que possuímos, pois ela quebra o equilíbrio homeostático. Matamos, roubamos, prostituímos-nos, mentimos tudo através da fala. O jogo de palavras “Salve o mundo, mate um ser humano!” faria bastante sentido agora.

A vida então poderia ser comparada a um cardápio cultural que ao nascermos nos é imposto e empurrado goela abaixo. Acabamos por ser um padrão. Nenhum ser na verdade tem aquela “liberdade” de escolha porque a própria escolha é um produto do padrão já estabelecido pela cultura da qual estamos inseridos. O mesmo se dá em qualquer outra parte do mundo, seja qual for sua forma de crença e governo.

Chego a pensar que vivemos em uma redoma, uma bolha, num tempo que tem fim, mas, que se repete constantemente. É como se nada fosse novo, mas sim adaptado à época atual e vindoura.

Somos um quadro pintado pronto para ser observado, e com o passar do tempo, restaurado para ser re-observado outras várias vezes. Vícios e mais vícios. O ser humano não evolui, ele apodrece. Eu sou um macaco que fala, sou um sujeito desejante que devido à insatisfação do ter, deseja cada vez mais para quem sabe assim alcançar seus objetivos.

O que nos define é aquilo que está ao nosso redor, traços simbólicos que estão no outro. Por isso buscamos sempre um parâmetro comparado ao do próximo, pois tanto eu como você, necessita de um outro alguém para aprovar, se apoiar, sugar, se aproveitar, amar e usurpar... Ser alguma coisa, ter uma essência.

Somos aquilo que está ao redor. A indústria é um ser determinista que brinca conosco, nos fazendo pensar que temos escolhas, sendo nós apenas imitações de outrem e outrem imitação de nós!

Eu sou um produto de supermercado.

No entanto, isso não nos transforma alienados. A partir do momento em que nos achamos como produto imitável numa prateleira de supermercado, nasce à consciência de que estamos vivos e temos uma razão. Mesmo estando dentro de um padrão massificado. Isso se atribui a todos, mas poucos rompem com essa nomenclatura psicanalítica!


Meu livre arbítrio e amor são premeditados e ditados, podem até serem pervertidos, mas não controlados, pois possuo uma essência, um gosto diferente dos milhares de gostos e paladares existentes mundo afora.

“Amar é dar o que não se tem” a quem não quer! Se dou o que não tenho é porque quero receber o que tento dar. O problema está em “a quem não quer”, pois esse ser que “não quer” quer sim algo, porém ele também não tem o que dar (amor ou carinho), logo, uma convenção entre nós se instaura uma convenção de afeto, pois o amor é um ideal a ser alcançado e adorado!

O amor é um alvo a ser alcançado por toda a vida. Um ser humano só se importa com outro quando o mesmo sente que o seu semelhante pode preencher algo em sua vida, em sua abstinência. Parece aproveitador demais esse tipo de visão, mas o que é a libido, tanto a boa como a má, se não tirar proveito em prol do prazer, tanto o carnal, espiritual como sentimental?

Quando “amamos” não amamos necessariamente. “Amamos” o sentimento e pensamento que temos por um semelhante. O amor é uma entidade que se aprende a sentir e viver através de muita negação si mesmo em prol do outro ser “amado”.

Tudo que está ao nosso redor acaba por ser um espelho de nós mesmos. Se algo acontece a um pertence nosso, é como se acontece a nós mesmos, pois atribuímos uma essência comparativa a nossa a este determinado objeto.
O mundo então se transforma num grande projeto narcisista. Imaginem então como é o que você chama de paz, lar, comunidade e humanidade...

2 comentários:

Mara disse...

Ufaaaaaaaaaaaaa
ja estava inquieta lendo o texto achando q n ia falar do livre arbítrio.. chega foi um alívio qnd eu li. ótimo texto.
"O meio atua no homem e o homem atua no meio"
;]
teu embasamento teórico ta 10.
beeeeeeeeijo buda
=*

Víctor Hugo disse...

budzzzz
tu ta lendo neh amiguinhum, estou orgulhoso de sua pessoa!
parabens pelo texto, muito bom!