sábado, 27 de dezembro de 2008

Desapego

Um terremoto aqui se acomete
Um estrago danado aqui então surge
Surge então um abismo entre eu e outra pessoa
Não sei o que tem acontecido
Mas parece que o mundo parou e as palavras perderam sua essência.

Eu ouço comentários
Outros tentam ajudar
Mas tudo que vejo se sobrepor é a desavença
Porque o que eu tenho feito está me afastando?
Fazendo crescer ainda mais esse abismo?
Como uma carta, eu me transformo numa mensagem de desapego romântico.

A eternidade de certos toques
A eternidade que certos momentos proporcionam
Alguns poucos toques de lábios
Duas almas que condensam, que se aquecem
Porque então usurpar esse sentimento?
Porque ele então findara?

Eu sou um mero escravo
Você então como Deus tornou-se minha ama
Tornou-se a dona de cada pedaço meu
Engraçado que agora não sei mais quem és
Talvez nunca soubesse realmente
Talvez nunca tenha existido
Talvez não exista
A lua é testemunha assim como a chuva que por esses dias
Bem seletivisados por sinal
São testemunhas de que eu te chamo e clamo em orações
Em sussurros na alma.

Não há mais nada que tenha de ser dito
Não há mais nada que tenha de ser sentido
O tato está insensível
Meus olhos preferem cegar a ter que ver tudo como um simples replay
E a minha essência, todo o meu sonho se fragmenta
Sem mais delongas ou indagações.

Com fortes “eu te amo”
Com incontroláveis “eu te odeio”
Com possíveis “talvez um dia”
Com detestáveis “dê-me um espaço”
A boemia apresenta-se como uma amiga
Pernas avulsas, sexos em demasia, bocas mentirosas pedindo beijo...
... São o que mais tem surgido.

Uma destruição se instaurou nestes dois seres
Construindo outros dois seres
Nada reais, apenas similares
Eu desejo o céu
Eu desejo o inferno da carne todos os dias
Em bocas, sexos, pernas, no pão que como para dar força ao corpo
Em agüentar mais uma noite daquelas onde tudo é permitido.

Tudo seria então mera fantasia
Como se outrora nada do que realmente foi vivido
Tivesse uma utilidade, algum dinheiro que pudesse comprar conforto
Alguma gasolina que nos levasse a qualquer canto
A qualquer roupa, bem-estar, beleza que pudesse ser mostrada
Eu prefiro a destruição
Como os meus sorrisos que mais parecem raios.

Pessoas mais parecem cometas
Estrelas cadentes
Tão rápidas em suas vidas ínfimas aqui nessa bolha em que chamamos VIDA
Somos apenas duas crianças esperando um carinho
Um pequeno sorriso sofredor
Na esperança de outrora encontrar algum conforto que possa dar prazer
Nos levar ao céu
Sermos filhos de Deus
Ou apenas dois simples corpos que se desgastam com o passar dos segundos
Como estrelas cadentes
Sim, sim somos passageiros
Profetizo o desapego momentâneo ao que somos, mas sem banalização
Temos uma essência.

Uma explosão como apocalipse se sucedeu
A vida enfim brotou mais uma vez
Mesmo que em corpos passageiros, este que agora tenho.

Um comentário:

Nadezhda disse...

Um poema longo, mas que não é cansativo de ler! Gostei.

Tudo bem em linkar sim. Vou te linkar no meu tbm ;)