quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Metanoia

Ao som de “Personal Jesus” da Depeche Mode, na voz de Johnny Cash



Se formos prestar atenção, palavras não existem! Seus significados estão mortos e insistem em serem “ressuscitados”. Tanto elas como os seus significados não passam de convenções que faz jus ao tempo e momento.

Se formos prestar atenção, toda forma de agir e ser é baseada numa cópia, em repetir algo já dito, escrito, feito. Somos eternos imitadores e adequamos essas imitações à nossa realidade e àquilo que chamamos de VALOR, convergindo futuramente em algo que dizemos ser nosso.

Se formos prestar atenção, o amor (humano) não existe! Não passa de um estado ou um acordo não estipulado entre duas pessoas, que não tem aquilo que querem receber quanto mais oferecer. Entendeu? É simplesmente algo abstrato, sem classificação e descrição, existente entre duas pessoas que satisfaz e traz bem-estar, atendendo as respectivas necessidades e ideais de respeito mútuo “até que a morte os separe”. Acredito sim no carinho, na cumplicidade, no companheirismo, sinceridade e zelo.

Se formos prestar atenção, o conceito de religião é uma forma de identificação social. Tal identificação pode ser baseada na fé, na ética, moral, comportamento. Tudo é uma questão de negar a si mesmo e de como se portar diante das situações. Se você for levar para o contexto cristão, a religião em si mata o próprio dizer do Cristo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai se não por mim!”; já que a mesma é uma instituição criada pelo homem para se chegar a Deus. Compreendem?

(Sem desmerecer nada vinculado à religião cristã, eu mesmo sou de uma vertente histórico-teológica, a Protestante)

[...]

Dentro do contexto cristão (agora um adendo meu), a religião é o próprio Cristo e não o cristianismo em si. É inconcebível na minha mente descartar a existência de um Deus, de um Cristo, comparado ou apoiado naquilo que eu mesmo reivindico aqui neste texto: A Razão! Acredito que a própria razão volta-se para este ponto conflitante, sejam ele cultural, pensamentos, teses, estilos, crença ou não crença. O contexto histórico e de fé que envolve Deus e o Cristo constrange e gera debates e mais debates, seja para afirmar a existência e a veracidade ou para afirmar a não existência e a blasfêmia de tais divindades eternas, oniscientes, onipresentes e onipotentes... Certas coisas fogem de qualquer especulação, pesquisa, critica, ou sanidade (ou a falta dela a luz daquilo que achamos ser sanidade, desconfio e desacredito em muitas outras coisas aparentemente obvias e simples), diz respeito ao viver e o crer. Apenas isso, tratando-se única e exclusivamente disso!

[...]

Se formos prestar atenção, certas coisas tendem para a apatia. Lute para não se enveredar por esse caminho. Não há nada que dê maior repúdio do que a apatia. Até mais que o fanatismo, que não diz respeito apenas a um ser divino. Trata-se sobre qualquer coisa que se defenda de modo ferrenho sem expandir os horizontes da mente e da flexibilidade-tolerância.

Porque não viver na razão e em busca daquilo que traz paz, aperfeiçoamento do caráter e a não estagnação em nenhum setor da vida?

Tudo é metanoia.



E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” – Romanos 12:2

6 comentários:

Daniel Fernandes disse...

Esse teu texto abre espaço pra um milhão de discussões. Em poucas linhas tu conseguiu comprimir debates e debates que encheriam uma enciclopédia. Mas eu posso fazer algumas observações minhas: I

ncluir a razão no contexto religioso e colocar o viver e o crer em um patamar acima é uma forma, acredito eu, de criar uma outra manifestação religiosa de pensamento. Uma forma tua. Eu particularmente admiro muito quem adapta o contexto para suas idéias, porque eu sou contra a disseminação de uma padronização de pensamento. Ou seja, uma religião não pode ser disseminada padronizada. Cada pessoa deve adapta-la à sua realidade, à sua mente. Mas por ser mais cômodo talvez, ou por desconhecer essa possibilidade, a esmagadora maioria simplesmente acata e se isenta de qualquer interpretação própria.

A apatia é uma consequencia natural de muita coisa. O incomum é fugir dela. O universo conspira para que sejamos apáticos. A cultura, a tecnologia, a ciência, todos eles nos inspiram a sermos apáticos perante eles. É natural da humanidade ser apática. É disso que vive o bom jornalismo: dar uma facada na apatia social. Pra que tu acha que nós criamos blogs? :P

Amor humano não existe. É uma convenção do capitalismo pra disseminar a idéia consumista do casamento. O que existe é uma constante vontade de fazer sexo. Na verdade, eu começo a achar que muita coisa a humanidade mascara pra não admitir que é vontade ou falta de sexo. mas isso já é outra história.

M. A. Cartágenes disse...

Essa parte do amor ser produto do capitalismo nem considero tanto. Sobre o sexo, qualquer coisa exalta o saciar do prazer corporal. Alguns conseguem transportar isso pra outras áreas da vida, mas tudo é prazer.

Sobre casamento, pra mim é apenas a vontade que alguém tem de estar de forma definitiva e concreta com outro alguém naquele estilo "até que a morte os separe"!

Valeu mano as observações! Paz.

Audrey Carvalho Pinto disse...

de forma alguma... pode linkar simm!

Cristiano Contreiras disse...

Blog bem sacado, conceitual e inteligente! otimo conteudo e visual, vou seguir e linkarei ao meu! muito bom mesmo!

Cristiano Contreiras disse...

Pode, se quiser, ser meu seguidor - agradecerei, viu! abs e obrigado a visita!

Monique Frebell disse...

Obrigada pelo carinho..

Bjs*