quinta-feira, 18 de março de 2010

Transformar-se numa puta acaba sendo necessidade

Bem... Como eu posso começar isso... Acho que do começo sem gosto ou desgosto. Trabalho e estudo com comunicação (jornalismo), no entanto, o mais contraditório é que não sei me comunicar. A bomba estourou essa noite quando numa reunião em particular, eu com meu editor-chefe, ele me chamou a atenção para algumas reclamações quanto a minha ausência de comunicação.

Apesar de ele dizer que meu texto é bom, que minha apuração é boa, que meu comportamento é relevante se não tiver comunicação, em outras palavras, a minha cabeça vai rolar. Imagine o tamanho do meu espanto (na verdade nem tanto, porque essa era a segunda conversa sobre o assunto), porque o problema está quando deixo essa minha particularidade interferir no meu dia-a-dia de trabalho.

Certa vez escutei de uma amiga, a Danielle Pedroza, que eu preciso aprender a me prostituir profissionalmente. Mas calma lá, tenha mais cuidado com o que você irá pensar sobre. O que ela quis dizer foi que para ter êxito em certas coisas no ambiente profissional, é necessário ser como uma puta, que abre as pernas e bebe a porra de alguém, porém, reserva o que ela tem de melhor e o próprio interior e relevâncias em geral para ela mesma e a quem achar ser merecedor.

Ou seja, eu preciso aprender a diferenciar que uma coisa é uma coisa, a ser calculista e profissional porque eu ainda sou um moleque nesse ponto. Corro o risco de perder meu emprego, tenho apenas uma semana para me abster desse déficit, até porque, eu falo pelos cotovelos, mas, não me comunico nem mesmo com meus pais. Contraditório? Não mesmo...

“Soy jardinero de mis dilemas”, parafraseando um trecho da música “Hermana Duda” do Jorge Drexler, que no bom e velho português significa: “Sou jardineiro dos meus dilemas” e “Irmã Dúvida”. O mais irônico é que até a área amorosa da minha vida já sofreu com isso. A minha falta de comunicação já me fez escutar a pérola de que "as vezes eu fico sem saber como lidar contigo, porque tu me parece auto-suficiente demais... Como se não precisasse de mim". Será?

Quem sabe isso venha para abrir o meu leque no que diz respeito a essência, a minha essência, eu enquanto ser pensante e vivo, dotado de raiva, vontade, desejo, necessidade do toque, de ouvir, ver, sentir, de viver; Ser mais prudente, frio se necessário e quente quando obrigatório. Eu sou um menino em muitos aspectos e esse diferencial ainda falta ser corrompido.

Aquela pontinha de medo sempre fica pelo menos de uma coisa está servindo essa situação toda: descobri que além de missionário, uma carreira como escritor seria bem interessante! Apesar de gostar de fazer reportagens e do stress e desgastes diários, que uma redação de jornal impresso produz, e que seja por demais recompensadores, pensar e pesar por essa hipótese me fez dar aquele sorriso de canto de boca sincero que tanto falo e espero.

5 comentários:

cascocaos disse...

cara eu accho que as vezes falta clareza no teu discurso ser direto. e tu tem que perceber que não foi feito pra uma coisa só, como sujeito tu tem que se adptar as obrigações sociais e não o contrario, assuma realmete a sua posição e derrube o muro.
nada de se prostituir.

Sueli Maia (Mai) disse...

Teu texto descreve claramente o que em "Desenvolvimento de competências" chamamos de GAP.
Adquirir uma habilidade que não temos, e isto não é prostituir-se, é crescer profissionalmente.
.
Tomar consciência da dificuldade e sair da defesa é o primeiro passo.
Mais do que 'vender-se falsamente' ao mercado e deixar de ser quem é, muitos profissionais precisariam desenvolver as competências que ainda não possuem mas que podem obter. Todos podem.
Em princípio não sabemos dirigir veículos e adquirimos esta habilidade. Do ponto de vista profissional parece que teu chefe foi claro. Você tem as competências técnicas necessárias mas precisa adquirir (o gap, aquilo que falta) é a habilidade para se relacionar.A comunicação eficaz está aqui neste pacote.

E isto mexe com a zona de conforto entre o eu e o outro, como eu quero ser e tal... Mas todos possuem condições. Criamos imagens e O marketing pessoal é um caminho, existem outros... e quem utiliza este recurso, não o denominou 'prostituição'.
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Sem qualquer preconceito aos termos
que usaste, um outro título possível (a partir da consciência das dificuldades) seria:
Como adquirir habilidade social em uma semana?
A comunicação é apenas um ítem.

Abraços e boa sorte, amigo.

Medusa disse...

menino, faz que nem Hunter Thompson. ou não.
ou bora dar dedo que nem Homer Simpson, aí chega em casa e bota aquele trashzão no som ;D

M. A. Cartágenes disse...

cascocaos e Mai, o "prostituir-se" é no sentido irônico e sarcastico da questão. Ou seja, como eu disse, uma puta faz o seu serviço mas não mistura a vida pessoal com o que ela executa. É sim um modo bem frio da minha parte de ver as coisas porque eu me considero um puritano precisando ser corrompido nessa questão.

O título a meu ver cai muito bem porque essa é a função do meu blog: ter um diálogo comigo mesmo, unica e exlusivamente comigo mesmo. Se alguém se identifica ou acha interessante eu agradeço por demais, mas o blog é a personificação do meu eu, do avesso e escancarado.

"Prostituir-se" é uma mera simbologia, não uma venda de ideologia ou valores, é simplesmente guardar para si o que se é porque no dia-a-dia aquilo que se é não interessa no corre-corre e stress, ainda mais na minha profissão!

Nós temos que ser sempre profissionais, frios, calculistas, abertos a opiniões e se quisermos aceitá-las nós aceitamos. O importante é ouvir todos os lados e a si mesmo. Desde já, isso tem sido feito por aqui, seja em solitário como num diálogo comigo mesmo como para com vocês que voltam sempre aqui para ler meus textos.

Paz ^^.

Dani Pedroza disse...

Dessa vez, antes de escrever meu comentário, li os outros. Sabia que a história da "prostituição" acabaria sendo o foco. Engraçado como nós temos uma tendência a nos prendermos mais em palavras "fortes" do que no que as motivou.

Realmente, no texto não dá pra entender tão bem sobre o que falávamos quando usamos essa metáfora. Ficou parecendo que o simples fato de você se ver obrigado a encontrar uma forma melhor de comunicação te remete a uma forma de prostituição. Sei que não é o caso porque já conversamos sobre isso, mas pra quem apenas leu o texto, pode ter ficado essa sensação.

Quanto ao x da questão, acho o que já achava antes. A primeira coisa a decidir é se você está disposto a fazer a coisa da forma que estão exigindo. Mesmo que não seja este O trabalho que você quer, acho que você precisa descobrir se é o meio certo pra chegar onde você pretende. Se não, não adianta, acho que nada vai te convencer a se adaptar. Se sim, respira fundo e faz o que eles querem, você tem cabeça (e principalmente estômago) pra conseguir.

Gosto de você, viu? Bjs.