quinta-feira, 15 de abril de 2010

Intensidade

Ao som de "Sonhos Sonhos São" do Chico Buarque



Vai e volta e continua passando
Vai e volta e fica estático...
... aqui quieto calado em silêncio no trêmulo peito meu
Encara, desencana, respira e deságua
Joga a água de dentro dos olhos e escorre pelo rosto, queixo
Saudade, afasia, solstício de inverno
Inverno interno, aquele inverno inferno
O nosso amado inverno, tão querido e singelo inverno e inferno de todos os dias
À intensidade que não nos pertence.

Esse vai e vem, entra e sai, vai e volta
Regressa e agride
Esmurra e sangra
Sempre dual
Sente-se e observe o mundo ao derredor
Porque ele decai, transgride e nós aqui estáticos
Mãos dadas, totalmente apáticos diante do tempo
Vemos as rugas aparecerem e pele rachando
As unhas ficando amareladas e aquele cheiro característico de pessoas idosas.

Esse entra e sai frenético
Não somos daqui
No entanto, a minha personalidade e sensações sempre te constrangeram
Náufragos de nós mesmos
Náufragos dos tempos modernos que são na verdade retrógrados
Náufragos afogados no próprio oxigênio
Que maldade, que pesar, que porra alguma... não fazemos falta
Eu sinto a tua, mesmo sem nunca tê-la possuído.

É um plural, um eterno receio
Dizeres e clichês, odiamos o senso comum
Mas, que puta merda e contradição, somos o próprio senso comum
Sei que é sonho
Incomodado estou, num corpo estranho

Pegada aperto mordida transgreção apalpada gozo berros enaltecimento choro sorrisos celebração
Deusadossonhosatrasdosputamalditaquecircundaamenteepeitoteimoso
De uma só vez, enfartando o já farto.

Um comentário:

Nanda Assis disse...

muito bom.

feliz fim de semana.

bjosss...