sensação de esvaziamento 
quanto mais tem sopro e assopro 
menos ar pra preencher convém 
menos cansaço 
menos pensamento 
menos qualquer coisa que preencha alguma coisa
não sou desses que deixa tudo muito amostra 
não sou desses que consegue ser tão suscinto 
prático 
moderno 
compacto
eu prefiro os fogos de artificio 
aquele vento na cara que mal deixa fechar a boca 
que faz o ouvido zunir 
eu prefiro aquela sensação de desespero como se o segundo seguinte fosse sucumbir o que estar no derredor
somos jovens meu bem 
somos jovens 
jovens cheios de artrite 
com o coração enrugado 
com a alma cheia de espinhos 
a palma das mãos mais parecem lixas 
e os pés cortados pelo asfalto
sonha um pouquinho comigo 
junta tua discordia com a minha e vamos fingir que está tudo bem 
[...] 
sopra mais um pouco no meu ouvido pra que eu tenha a certeza de que isso aqui não é mais uma das brincadeiras de mau gosto 
mais um desses joguinhos que minha cabeça adora fazer pra instaurar a tortura
ah! doce sadismo, doce adrenalina que corrói 
é como um ácido, a bile que sobe pelo esôfago 
que te dá náuseas e temperamentos crueis 
o rosto rubro...
enfim, eu sou uma perda de tempo 
interprete como bem entender.
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