terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Homens são inseguros?

Para ouvir, basta abrir os poros”, cantarolou certa vez Adriana Calcanhoto.

Esse texto surgiu de uma indagação pra lá de besta que ouvi enquanto me dirigia ao trabalho dia desses. A problemática gira em torno da seguinte questão: “Homens são inseguros?”.

Insegurança decorre de uma série de detalhes e pode ser emocional, profissional, psicológico, social, pessoal; enfim, é influenciado por alguma coisa ou alguém ou pela própria pessoa. Se for falar de mim, diria que a minha insegurança não estaria ligada ao medo, pois insegurança nada mais é do que simples medo; estaria direcionada mais exatamente no sentido de não saber se administrar. Medo por medo, todos os dias eu enfrento vários e de diferentes formas, então não é medo e sim excesso de perfeccionismo com pitadas de falta de administração pessoal.

Mas na real, ninguém sabe o que realmente é medo, ninguém sabe o que realmente é insegurança e do porque de estar ou ficar inseguro. O que geralmente acontece é o próprio ser, a pessoa em questão fazer girar em torno de si um mundinho paralelo daquele real a nos esperar e tragar. Gira tanto até criarmos verdades absolutas, fobias absurdas, conceitos pequenos, privação dos sentidos até a alma secar e o coração ficar uma pedra.

Insegurança nesse caso mais parece insensibilidade! Insegurança nesse aspecto é um medo diferenciado, nem um pouco corajoso a fim de ser corrompido ou usurpado.

Se os homens são inseguros é porque culturalmente a educação dada a eles os constrange a serem como tal. Tiro por mim, o fato de ser do sexo masculino, ter 23 anos, esperam-se, por conseguinte certas posturas radicalismos e iniciativas próprias do gênero. No entanto, os homens também sentem, sonham como também se doem internamente. Os homens também fazem planos, se machucam, acolhem e reservam sua intimidade para quem eles acharem ser bom e útil a reservar.

Mas, antes que isso possa parecer um ataque a virilidade, existe também a Histeria e o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo). De acordo com Freud, o famoso pai da psicanálise e também um verdadeiro puto, a mulher tem uma forte tendência a desenvolver a histeria, enquanto que o homem o TOC. Ambas as psicopatologias são marcadas pelo gênero e intrinsecamente decorrentes da insegurança.

Enquanto que a mulher “se grila” pelo cabelo, pelas expressões e sinais olfativos, auditivos, sensoriais, por coisas consideradas banais, o homem surta pela mesmice ou como podemos dizer, pela manipulação de certos costumes até se tornarem mecânicos. Homens são feito bichos, animais selvagens que quando enclausurados se aperreiam, enlouquecem, têm a extrema necessidade de arrebentar as amarras e provar sua liberdade e senso de desprendimento.

No entanto, no dia-a-dia (nós, os homens) somos instigados a assumir a postura de provedores, machos alfa, exímios pegadores e comedores de cocotinhas virgens. Fazendo assim sempre alusão de um ser frio, independente do sentimento alheio, uma forma de obrigada a assumir uma personalidade de prostitutos natos. O trabalho braçal tem de estar em evidência, o choro não pode existir, a sensibilidade deve ser áspera e os ouvidos surdos para as necessidades tanto da mulher como da de qualquer pessoa emotiva.

Os homens são forçados a perderem seu pudor quando botam o sexo para fora das calças e mijam em local público. Não podem esperar até chegar no banheiro mais próximo para então encontrarem satisfação no saciar de suas necessidades fisiológicas. Não toleram “não” como resposta e se sua companheira entra em período menstrual, procuram aquilo que não é seu cobiçam a do próximo, tudo para manter a essência de macho eternamente excitado e pronto pra dar uma rapidinha. Os homens são uma decadência, os homens merecem sim serem chamados de sexo frágil.

As mulheres não, elas sim são o sexo forte! Mesmo caóticas, sabem cuidar de si, educar-se emocionalmente, serem donas do lar, trabalhar mais de 8h por dia, cuidar dos filhos e mesmo com os dedos calejados e enrugados conseguem serem lindas, excitantes e charmosas. Os homens parecem possuir um único valor: o de serem procriadores!

Certa vez estava lendo o livro O Mistério da Consciência, do neurologista português, Antônio R. Damásio, e em dado trecho ele levanta a problemática que diz assim:

Sem exceção, homens e mulheres de todas as idades, culturas, níveis de instrução e econômicos têm emoções, atentam para as emoções dos outros, cultivam passatempos que manipulam suas emoções e em grande medida governam suas vidas buscando uma emoção, a felicidade, e procurando evitar emoções desagradáveis. [...] A emoção humana não diz respeito aos prazeres sexuais ou ao medo que podemos ter de cobras. Diz respeito ao horror que sentimos ao testemunhar o sofrimento e à satisfação de ver a justiça sendo feita, ao nosso encanto com o sorriso sensual de Jeanne Moreau ou com a densa beleza das palavras e das idéias nos poemas shakespearianos, ao fastio pelo mundo expresso na voz do barítono Dietrich Fischer-Dieskau cantando Ich habe genug, de Bach, e aos fraseados ao mesmo tempo mundanos e estéreos de Maria João Pires tocando qualquer peça de Mozart ou Schubert, e ainda à harmonia que Einstein na estrutura de uma equação. De fato, a emoção humana em seu refinamento, é desencadeada até mesmo por uma música e por filmes baratos, cujo poder nunca devemos subestimar. (pág. 55 e 56 – “Emoção e sentimento; novamente sobre a emoção”)

Se a figura do homem parece ser insegura não é apenas por culpa deles mesmos, ou seja, não é por nossa culpa própria, infelizmente existe um déficit imenso no que tange a pedagogia usada pelos pais na hora de educar seus filhos tanto homens como mulheres. O erro tá em reprimir a pessoa interna mais serena que o homem tem em si, da mesma forma como se coage a mulher a ser um ser desprovido de vontade e determinação, eternamente delicado e que mal pode cuidar de si mesma. Tanto a mãe como o pai que já receberam esse tipo de educação e a passam em forma de diretrizes totalmente falhas e tortas para os seus pimpolhos que coitados, vão continuar no vício, promovendo vícios e derrotas gerações em diante!

Ser homem é uma sucessão de traumas ou quem sabe, uma vítima de si mesmo e dos demais. Talvez por isso a homossexualidade entre eles exista! Por não poderem andar com as próprias pernas, não conseguirem agarrar a vida com total interdependência como a mulher assim o faz quando cansada de tanta subestimação faz nascer bolas postiças entre suas pernas assumindo posturas mais másculas e independentes do que de muitos marmanjos por aí. O que parece, é que ao se tratar de homem, não se permite poder expor o que existe de mais frágil, logo se afogam com as suas próprias amarguras, insatisfações e receios. Transformando tudo em machismo, em arrogância, combustível para a discórdia incomum própria somente de nós e entre nós mesmos do gênero masculino.

Mas sem querer terminar o texto com única e apenas criticas a condição de ser homem, até porque eu faço parte do grupo, posso dizer que em forma de golpe de misericórdia que alguns de nós se salvam, por incrível que pareça, sim! Vocês mulheres que lerem isso aqui, eu peço que me façam um favor: não percam a fé no que somos como também peço que a ternura de vocês não entre na mesmice.

Nós precisamos de vocês! Digo com toda veemência, porque essa ternura que seleciona o homem valoroso do que não tem respeito algum pela natureza e pessoa de vocês. Mantenham essa ternura porque como muitos de nós, algumas de vocês se venderam a descrença e afasia, acomodaram-se a uma cultura já enraizada nos costumes despindo as suas pessoas do privilégio de serem mulheres e de fazer de nós homens melhores! Educação ou defeito próprio de cada gênero, inseguranças à parte, quando vocês se respeitam, naturalmente o que está ao derredor passa por um crivo, todo tipo de crivo.

Enfim, é isso...

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