quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

“… que eu já nem sinto mais falta de pensar”

Por varias vezes me animei e logo em seguida desisti de escrever esse texto. Talvez porque ele implique diretamente, e sem rodeios, nos meus calos e detalhes ou feridas bem vivas, insistentes de minha parte pra ser mais exato.

Tava em mais um culto na igreja num domingo qualquer desses, e, a sensação que tive nesse em especial foi como um soco bem na venta do meu caráter. Antes que alguém questione mais que o esperado, estou sim falando de fé, crenças, verdades e “verdades”, conduta e postura cristã. Estou sim tentando expor em total clareza o quanto é delicada as inúmeras situações em que me coloquei; o quanto é lento o processo de começar a dizer “não”, refazer os costumes, valores e prioridades em prol de algo maior.

O momento exato do “baque” veio quando foi lida a passagem que está em Provérbios 24:10-12, que diz:

10. Se te mostras fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.
11. Livra os que estão sendo levados para a morte e salva os que cambaleiam indo para serem mortos.
12. Se disseres: Não o soubemos, não o perceberá aquele que pesa os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? E não pagará ele ao homem segundo as suas obras?

... em suma, penso nos limites, naquilo que foi feito e como foi feito, naquilo que se é e o que se tem sido e por ventura no que possivelmente poderá se transformar. De praxe eu poderia instigar o seguinte: “Tenho a minha vida e ela é minha, porque então atazanar a paciência com esses detalhes?”. Enfim, gosto de pensar que tenho uma mente e posturas tranquilas se comparado a maioria dos que também professam a mesma fé, no entanto, a maneira como as coisas estavam acontecendo é que não podem mais ter sequência.

O livro de Provérbios para quem não sabe, não foi escrito em sua totalidade pelo rei Salomão, teve participação dos homens de Ezequias (que já foi rei de Judá) dentre outros, e trata exclusivamente de conduta moral, conselhos e maneiras de como se viver melhor. A meu ver, se Provérbios fosse mais lido muita coisa do que existe hoje não estaria no nível tenso em que está a começar pela minha vida. Não tô aqui posando de dramático, é o tipo de situação que somente eu e Deus temos noção do quanto é necessária uma mudança brusca na vida que se leva.

Há quem diga que blog é uma forma de diário, para outros é um espaço livre de qualquer forma de censura (se não a própria do autor) no quesito expressão, para mim é o lugar onde encontrei para existir auto-diálogo e franqueza absoluta das minhas convicções. Daí, não se espante se a maneira em como as palavras escritas aqui sejam tão incisivas ou evasivas!

No geral, o livro de Provérbios também aborda o testemunho que qualquer um dá. Testemunho é a bandeira do que cada um considera como verdade, a causa que abraça o espelho que se dá para outros poderem seguir e se apoiar. Testemunho vai além de uma série de pontos vistas como morais e eticamente corretos perante a sociedade, tá mais ligado à sinceridade de espírito, a responsabilidade que cada um tem em testemunhar sobre algo que viu, ouviu ou viveu.

O testemunho em si não chama atenção para quem está testemunhando, mas sim, para o fato que dá respaldo ao testemunho. Não haverá contradição ou dificuldade ou empecilho se assim o testemunho for dado. O testemunho serve para fazer e trazer o bem não apenas para quem o dá, mas para quem observa e o recebe. Preocupa-me até onde o meu foi, como ele foi recebido e por quem também.

Dia desses estava lendo alguns tweets e observei um que me chamou bastante a atenção. Dizia que enquanto eu posava de bom moço, aos fins de semana mergulhava na vida e esquecia-me de tudo que havia “dito e feito, ostentado” nos outros cinco dias anteriores. De todo modo, esse comentário me fez abrir os olhos mais uma vez para as várias coisas que precisam ser mudadas ou revistas.

Não é crise de consciência nem na vida, muito menos insegurança e inconstância. Tento apenas expor detalhes que circundam meus pensamentos, coisas que por várias vezes se fixam na minha mente enquanto tento dormir olhando o teto branco do meu quarto. É apenas aquele auto-exame de rotina que todos deveriam se dar o trabalho de fazer, tipo um mapa destinado de conduta, reprises e mais reprises das decisões tomadas, como o histórico do Mozilla Firefox denunciando tudo que você fuçou, comentou, visitou, fez e pesquisou.

Imagine agora tal situação na sua mente cotidianamente, quase como uma ação automática. Imagine depois todos os seus pensamentos expostos em praça pública! Sacou? É essa a situação, esse é o impacto que um testemunho causa, é essa a minha preocupação de até onde fui e fiz. Imaginem agora o quanto todos nós precisamos rever tantas condutas e posturas, o quanto precisa ser rotineiro o exercício de revisão de valores e prioridades.

É um passo largo, e milimetricamente delicado, pausado, pensado. São várias atitudes que precisam ser refeitas, mudar o foco, reaver antigas posturas, mesclar com o caráter atual e a vida que se tem. Experiências à parte é bom sentir-se mais forte dia após dia, e se preparar pro que vier seja lá de quem for... mesmo que de mim mesmo.

Nenhum comentário: