terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Talvez “ridículo” seja rígido demais…

Ao som de Narc, da Interpol

 

 

Eu poderia começar isso aqui de muitas formas, poderia continuar escrevendo e escrevendo, fazer toda melação possível e terminar com um final cor-de-rosa fofinho e pra lá de inspirador. Talvez eu leve o enredo e ritmo do texto dessa forma, mas na real, pouco me importa, eu to mesmo é a fim de sair escrevendo e o que vier veio!

Tava de lero madrugada dessas com minha amiga @_Arethusa sobre como nós somos chatos! Não “nós” eu e ela, mas “nós” nós: eu você e a porra toda! Sacô? A gente é chato, a gente é inconformado, a gente é mesquinho, a gente é um porre de gente, um bando de ingrato com a vida e pouco a pouco estragamos os detalhes mais suaves, ternos e sossegados que só existem e co-existem em nós e para com quem quer que seja.

Em outro momento, nessas minhas espiadas no tuíter, ri do comentário que outra amiga minha, a já conhecida dos que leem esse blog, a @De_Almanaque. Ela disse:

“Hoje recebi um carta de Amor. Pela lógica de Pessoa, ela tem de ser ridícula. Se não se discute com poeta, eu quero é mais ridiculeza, então."

De cara achei genial, achei simplório, verdade cuspida e é justamente isso aí mesmo, não se discute com poeta e muito menos quanto à ridiculeza alheia, que dirá a nossa. Aí nesse momento posso encaixar o comentário que a @_Arethusa fez sobre o que compartilhei com ela logo acima:

“Somos tão chatos hoje, se fosse antigamente uma carta de amor seria algo lindo por demais; hoje...”

E assim eu volto ao ponto em que brevemente deixei de lado, a chatice! A gente é chato quando ama e quando não ama fica com ingratidão pelos momentos em que era para sermos piegas, pelos mimimi’s não ditos, pelas fofurinhas e frescuras que poderiam ter sido toleradas. A gente é chato porque certas coisas, como eu havia dito, precisam ser cultivadas.

A gente é chato porque vive com medo, a gente é chato porque tem a prepotência de coibir e coagir, não interessa quem, a aquilo que dizemos ser “melhor”! E quem sou eu pra dizer alguma coisa sobre isso tudo, sou só um menininho de 23 anos que sentiu vontade de sair escrevendo e o que vier veio. Nós somos chatos porque o 100% que deveria estar estampado em nossas testas é guardado para poucas pessoas, para poucos momentos, para qualquer coisa muito pouca. Nós somos chatos porque nos habituamos a selecionar o que nem deveria ter sido selecionado.

Somos chatos porque guardamos rancor, porque por trás da falsa tolerância agimos com grosseria, rudez, como se isso fosse servir de punição... E qual? Só se for aquela que queremos que exista no nosso consciente, e mesmo que não admitamos tal coisa!

A chatice é tamanha que insistimos em dizeres como “necessidade”, “desejo”, “vontade”, “plano”, etc. A meu ver, tudo é uma questão do que realmente é preciso! Não porque acho ou penso ou acredito que “necessitemos” de algo, é que insistimos em inculcar merecermos alguma coisa e a tal vontade de dar e receber, mas na verdade a gente precisa de determinadas doses de vilões. Os mesmos vilões que eu mesmo por deveras crucifico, mas sou o primeiro a arranjar logo apelidinho quando me pego no estado de “ridiculeza” como assim a @De_Almanaque disse e tantas outras formas de ser ridículo.

Existe muita frigidez, amargura e me diz, pra quê? Poderia ser dito: “Qualquer pessoa tem certa solidão dentro de si”, ou como o Arnaldo Antunes ao recitar trecho na música do Curumin: “Cada ser tão solitário tem um sertão no peito”. E você concluiria com aquela frase manjada de: “O coração nos deixa toscos...”; É meu amigo, eu prefiro a ridiculeza, ao meu modo, mas prefiro.

Eu quero mais é me esbaldar na desgraça que é poder dizer “Eu te amo!”, e que frase mais miserável! Virou “bom dia”, e se virou que se dane, pois antes ser “bom dia” do que “vá tomar no olho do seu cú seu filho duma puta” da maneira mais sutil, mascarada ou educada possível... É isso aí mesmo, eu penso que é melhor que você chegue pra mim e diga que me ama quem sabe assim eu me acostumo e começo o exercício do desarme, sair da defensiva e passar para o front. Quem sabe seja isso que a pessoa ao seu lado também deseja, também anseia, também precisa.

No entanto, antes que isso aqui fique uma frescura só, tenho a dizer que a chatice é reversível, quem sabe dispor-se a ser tosco ajude, quem sabe reconhecer a miudeza de nossos peitos contritos e essa insignificância que tanto maltrata, aprisiona e nos faz rebeldes conscientes: Amor!

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