segunda-feira, 28 de março de 2011

“Come on baby, light my fire”

Masturbação. Punheta. Dar umazinha. Siririca (para as mulheres). Essas podem ser as várias expressões que você já ouviu, conhece, fala ou qualquer outra que faça referência a prática mais egoísta que tenho conhecimento. Mas, antes de sair falando um monte de coisa neste texto que acredito será lido, quero deixar bem claro que:
1°) Não fiz estudo de caso sobre o assunto;
2°) O texto não é fruto de uma pesquisa;
3°) O texto não expõe uma opinião concreta a respeito;
4°) Não tenho a intenção de formar uma opinião, apenas tive um insight resultando na vontade de escrever sobre o assunto, conhecido por ser um grande tabu moral e de falso pudor!

Como comentava anteriormente, a masturbação para mim é uma das práticas mais egoístas que o ser humano pode cometer. Basicamente, consiste na auto-satisfação sexual. Isso torna inútil qualquer participação de outra pessoa, pois, somente no cerne de alguém se passa o ato sexual propriamente dito. O que estimula a masturbação parte de vários pontos, podendo ser: visuais, sensoriais, olfativos, auditivos, emocionais, psicológicos.

Enquanto pensava sobre como discorreria sobre o tema, me veio à mente a idéia de não seguir um senso comum no que tange o raciocínio a construção do mesmo. Pensei em ir “contra a maré”, mas, sem perder o teor e o sentido em si. Entrevistei algumas pessoas, que por questões éticas e de proteção a imagem delas, não divulgarei os nomes, apenas as nominarei como: Pessoa 1, Pessoa 2... etc. Perguntei se elas tinham o costume de se masturbar, porque se masturbam, qual o sentido de se masturbar, o que sentem durante a prática e depois dela.

O mais divertido em conversar com as fontes sobre esse assunto foi a interatividade proporcionada. Motivos e justificativas para se masturbar foram vários, cada um com seu exclusivo sentido e razão. Por exemplo, a Pessoa 1 se auto-estimula sexualmente para poder dormir bem. Comentou que em sua adolescência, fase em que os hormônios parecem fazer uma pessoa subir pelas paredes, o ato era repetido de 3 a 6 vezes por dia.

Muitos poderiam dizer que ele era um misógino, um tarado, mas para os psicólogos com quem também conversei argumentaram de que a pessoa estava fazendo nada mais do que saciar-se ou conhecer-se fisiologicamente. Como? Tocando-se, descobrindo que é um ser potencialmente sexual e sensual, e que tal coisa é sadia tanto para a mente como para o corpo.

A Pessoa 2 já tem um comportamento bem mais excêntrico. Ela afirma que prefere se masturbar quando está com cólicas menstruais. Ela afirma que às vezes o desconforto é tão grande que começava a buscar formas alternativas a fim de sanar o incômodo. Espantou-se quando descobriu que ao estar “naqueles dias”, praticar a masturbação dava sensações de alívio aos enjôos e mal-estar.

No entanto, nada me chamou mais atenção do que as Pessoas 3, 4 e 5. Todas elas foram congruentes quanto a descartarem a masturbação solitária, ou seja, sem uma segunda pessoa durante o ato. Todas preferem que seja realizado de igual modo simultâneo durante a relação sexual ou como preliminar.

Por ultimo, a Pessoa 6 afirmou ser desnecessário se auto-bulinar, pois, se a intenção é o sexo, logo, faz mais sentido fazê-lo do que contemplar apenas mentalmente. Ou seja, o que ela quis dizer que além de egoísta, masturbar-se nada mais é que imaginação e transar com si mesmo.

Entretanto, quando disse que assuntos voltados para sexo ainda são tabu e recebem vista grossa por estarem violando algum senso de pudor, não estou exagerando. Somos seres sexuais e estamos livres para utilizarmos tudo que faz alusão ao sexo, seja para o prazer do momento, lazer, satisfazer um parceiro, demonstração de amor e carinho, aliviar o estresse dentre outras coisas.

Eu não poderia deixar de comentar a respeito do que as doutrinas cristãs pensam a respeito da masturbação. Visto como uma prática de prevaricação, por em sua maioria tratar de erotização carnal do corpo e pessoa, dogmas a respeito do tema são criados em demasia. Alguns fazem isso como forma de tentar manter sã a mente da pessoa e evitar que ela perca o senso do que é santo e do que é carnal.

Uma das passagens mais famosas da Bíblia, trata de forma clara e direta a respeito do corpo e como ele deve ser visto, zelado, respeitado. A passagem a qual me refiro está em Romanos 12 (clique aqui para ler), onde o apóstolo Paulo afirma que devemos apresentar nossos “corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”. O que ele quer dizer com a expressão “sacrifício” significa que nem todas as práticas devem ser comuns entre os que pretendem seguir a Cristo.

Sinceramente, creio que a intenção não é ser contra a masturbação, mas por qual motivo e circunstância o ato é praticado! Muito poderia se evitar e falsos dogmas caíriam por terra se passagens bíblicas do tipo, ou até mesmo educação sexual em escolas, igrejas e dentro da própria instituição familiar fosse discutido, debatido. Não estou dizendo que sou a favor da livre prática de se masturbar ou qualquer outra coisa do tipo, apenas acredito que reprimir não contribui em nada. Tanto prova que no versículo 2 de Romanos 12 diz que “não devemos nos conformar com este mundo e o que ele professa, mas devemos ser transformados pela renovação do nosso entendimento, para que experimentemos qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. Se quiser uma dica pessoal sobre o assunto, leia o capítulo mencionado e medite a respeito!

Também não sou contra os dogmas cristãos, até porque eu sou Protestante, e não poderia ir de contra meus próprios valores morais. Eu sou santo (santo significa seperado para a obra de Deus e não popularmente conhecido como um ser imaculado e bonzinho) e pretendo atingir outros vários níveis de santidade por mais difíceis que sejam de alcançar; mesmo que eu pelo caminho eu caia, erre, dê mau testemunho em algum momento, o foco deve ser sempre superar-se  tendo em mente o princípio de que o servo de Deus é separado para Deus e por si só, santo!

O que quero deixar bem claro é que não devemos nos deixar ser atrofiados mentalmente, mas buscar uma constante evolução e maturação metanoica. Acredito sim que o sexo foi criado por Deus e deve ser usado de modo consciente e não por modismo ou filosofia promíscua de momento. Acredito sim que dar liberdade de agir a alguém o impele de responsabilidade sobre o seu próprio corpo e desejos. Não devemos mistificar uma coisa pra lá de simples.

Penso também que o ser humano é formado por uma tríade: corpo, mente e espírito. Se procuramos exercícios para proporcionar melhor saúde e satisfazer a vaidade física, devemos também trabalhar a nossa mente e nosso espírito. Trabalhar a mente quanto a não perversão do que não é pervertido. Vivemos em um mundo machista onde o culto ao corpo perfeito e sexualmente disponível é usado de maneira apelativa. Mas, sobre isso, discorrerei em outro texto.

Muitos mitos a respeito de se masturbar existem por aí. Numa dessas minhas leituras em páginas virtuais, vi comentários respondidos pelo Dr. Jairo Bouer em seu site. Jairo é referência no Brasil, para o grande público quando o assunto é saúde e comportamento jovem, atendendo a dúvidas através de diferentes meios de comunicação.

Alguns desses mitos fazem menção a mudanças nos caracteres masculinos como a voz, se deixa o pênis maior e mais rígido ou se a prática da masturbação contribui para a disfunção erétil. Jairo apenas afirma que nenhuma dessas coisas existe. A voz não afina, o pênis nem diminui nem aumenta e tampouco fica mais rígido ou frígido.

Bouer comenta também que o que causa a disfunção erétil é a ansiedade que antecede o sexo e que isso precisa ser ponderado pela própria pessoa, caso contrário, que procure um terapeuta especializado no assunto. A mesma coisa dá-se para as mulheres. Muitos acreditam que elas nada sentem e sequer “brocham”. Em suma, o que posso tirar como moral disso tudo é que a prática da masturbação consiste apenas em saciar o prazer do corpo, da libido e nada mais!

Por fim, é importante ter em mente que nada é setorizado, e por mais relativo que possa parecer, um pouco de absoluto e objetivo ainda existe em meio a tanto sincretismo, conceito ou ideologia.

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