sábado, 9 de abril de 2011

A peculiaridade individual/coletiva de poder ser

Há várias semanas venho protelando para escrever esse texto. Não por preguiça, mas porque ele é um parto! Um parto difícil, meticuloso requerendo de mim a maior destreza e boa escolha de palavras, ideias organizadas e concisas.

E, já que o texto é um parto, posso afirmar também que foi complicado escrevê-lo porque me fez ir de contra várias posturas minhas, sejam elas passadas, atuais e aquilo que eu irei fazer. Portanto, nesse ultimo aspecto, o que vier daqui pra frente dependerá primeiramente de mim, exclusivamente e sem rodeios, do meu desapego e deixar que Deus seja Senhor da minha vida e o que nela surgir. Sim, Deus! Espantados? =D

Confesso porque e como esse texto surgiu: A principal razão é por conta da crônica anterior a esta. Da mesma forma como fui bem recebido pelo tema e palavras ali escritas, fui também questionado e duramente posto em dúvida quanto a minha conduta, fé, prática cristã e testemunho baseado em alguém que se diz convertido e tem desejo de ser missionário. Sim, tenho 23 anos, quase formado (tardiamente), solteiro, liso, e tenho sim vontade de largar tudo e ser missionário... Mas ainda não é o tempo nem momento. Em outro texto escreverei sobre isso.

Acerca das duras críticas e dúvidas suscitadas quanto a minha idoneidade espiritual, pensei comigo mesmo: “Então, qual o caráter de um verdadeiro cristão? Será apenas as suas boas obras? O amor ao próximo? A tolerância religiosa, social, moral e ética? Crer em Jesus Cristo como Senhor e Salvador e isso basta?” Pensei bastante, mas muito mesmo, li várias passagens bíblicas, conversei com inúmeras pessoas a respeito e é claro, tentei ver a mim mesmo como um crente que possui um caráter diferenciado assim como todo genuíno servo de Deus deve possuir; me questionei e coloquei-me contra a parede para enfim resultar nessas palavras que acredito vocês estarem lendo.

[...]

Acredito que o maior exemplo de caráter cristão que posso tomar para mim mesmo é o de Daniel. No livro bíblico homônimo ao personagem é narrada a história de um jovem, que segundo os estudiosos da Bíblia, da história, da antropologia e teólogos voltados para essa vertente de pesquisa, afirmam que Daniel quando foi levado cativo para o império babilônico tinha em média 16 anos. Junto com ele também foram levados muitos outros, mas para o serviço no palácio do rei Nabucodonosor apenas Daniel, Ananias, Mizael e Azarias.

A Bíblia narra que quando esses quatro jovens foram designados para servirem diretamente ao rei, eles tinham que ter o mesmo tratamento que os demais empregados que trabalhavam ali no palácio. Portanto, os seus nomes também deveriam ser mudados. A Daniel puseram o nome de Beltessazar, a Ananias puseram Sadraque, a Mizael chamaram de Mesaque e por fim a Azarias o nominaram por Abede-Nego.

Mas, o que isso tem a ver? O nome “Daniel” significa “Deus é meu juiz”, logo, ao nominá-lo de “Beltessazar”, que significa “Aquele a quem o deus Baal protege a vida” a intenção dos babilônicos era que os quatro jovens incorporassem a cultura, ciência e as várias religiões e fé que existiam naquele reino. Do mesmo modo os outros três tiveram seus nomes mudados: Ananias (O Senhor tem sido gracioso) passava a ser Sadraque (Da ordem de Aku - Aku era um deus sumeriano); Mizael (Quem é como Deus?) seria chamado de Mesaque (Quem é o que Aku é?) e por fim Azarias (O Senhor tem ajudado) atenderia pelo nome de Abede-Nego (Servo de Nego ou Nebo – outro deus da Babilônia).

Você deve se questionar mais uma vez: “O que isso tem a ver?” Tem que para os israelitas, e até hoje ainda é assim, os nomes dados a alguém devem refletir na adoração ao Deus único e também como forma em manter o caráter como povo escolhido e criado pelo próprio Deus. Para os israelitas era extremamente importante que seus nomes antes de qualquer coisa glorificassem a Deus. Por isso, ao mudar os nomes dos rapazes esperava-se que eles se adequassem aos costumes e inúmeras práticas existentes ali no império babilônico. No entanto, não foi isso que aconteceu! É sabido que educar um jovem no caminho que ele deve andar, nos valores que ele deve tomar para si e nas prioridades que ele deve cumprir e zelar é muito mais fácil do que um adulto. A mente jovem é fresca e de fácil molde e influenciável. A mente de um adulto é vista grosseiramente como cauterizada e arredia às novas formas de educação, admoestação e demais práticas educacionais ou sociais.

Fico pensando na juventude atual. Nos adolescentes totalmente alheios ao mundo, a educação vinda de seus pais, a respeitarem-se uns aos outros, a pensar no próximo com mais senso de humanidade e bondade. Imaginem esses mesmos adolescentes e jovens sendo levados prisioneiros para outro reino ou país e que ali eles fossem forçados e incumbidos no assimilar da cultura e as demais verdades existentes naquele lugar. Coloque-se no lugar de Daniel e seus amigos e pense se você agiria da mesma forma que eles; eu mesmo me pergunto se agiria de igual modo!

Daniel e seus amigos não faltaram com o respeito ao rei nem as suas lideranças e desígnios, mas mantiveram suas práticas de fé, conduta, valores e prioridades ensinadas em Israel antes da invasão babilônica. Ao longo do livro de Daniel, o narrador entra em detalhes nas várias situações em que os personagens estavam inseridos e como Deus nunca os abandonou, mesmo sendo eles escravos, sujeitos a morte por servirem a um Deus único e adotando condutas totalmente contrárias as que lhes eram impostas. Você agiria da mesma forma? Teria caráter o suficiente em não dar para trás a respeito daquilo que você é? Estaria firme nos seus valores mesmo que sua vida estivesse em jogo?

Faço esses questionamentos porque sinceramente eu me envergonho das várias vezes em que abdiquei dos meus! No livro de Mateus, capítulo 5 nos versículos de 1 a 12, Jesus profere uma lista de atitudes práticas, convidando aos ouvintes na ocasião a reverem seus pontos de vista e ações. Naquele tempo, Israel era cativo do império Romano. A fé havia sido deixada de lado, os ensinamentos não eram postos em prática, a religiosidade havia se tornado um costume enquanto que voltar-se para Deus e sua vontade, zelar por si e pelo próximo, fazer com o outro aquilo que se faz consigo mesmo, pregar o amor e uma reconciliação com Deus e sua lei não estava na lista de responsabilidades e deveres do povo como outrora fora.

Jesus, em outras palavras, estava pregando sobre caráter, sobre como nós podemos ser nós mesmos, prestar culto sincero e contrito a Deus além de honrar o próximo e aquilo que nossas mãos produzirem. Posso citar também o livro de Gálatas, capítulo 5 versículos 22 a 25, que diz:

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Contra estas coisas não há lei.
E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.”

O apóstolo Paulo convida a todos a lembrar dos ensinamentos de Cristo. A trazer de volta a mente práticas, valores, prioridades, fé, desapego às coisas terrenas focar o que o Reino de Deus e o que Ele tem para nós e para com nossos semelhantes. Em outras palavras, é trazido mais uma vez de forma expositiva qual o caráter de um verdadeiro crente, uma pessoa transformada e que tem a Deus como princípio de tudo em sua vida.

Fico pensando em mim, nas várias situações em que deixei de cumprir isso, em como dei mal testemunho, encorajei e fortifiquei falsas condutas morais éticas e espirituais a inúmeras pessoas! É tardio para lamentar? Não, não é! A Bíblia diz que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, e que nós devemos entregar a Ele aquilo que está em nosso coração a Ele, pois no momento certo, para louvor Dele e nosso admoestamento, Deus há de cumprir todas as promessas que fez a nós. Basta que tenhamos fé e deixemos as velhas práticas e adotemos novas.

Eu também fico pensando no caminho árduo que vem pela frente, nas várias pessoas que não irão crer que estou me dispondo a viver uma nova vida e de que também desejo o mesmo a eles. A Bíblia afirma com palavras do próprio Cristo, em I Pedro capítulo 1 versículo 16, que nós devemos ser santos porque Ele é santo. Santidade é uma expressão entendida erroneamente pelas pessoas. Santo significa separado, dedicado exclusivamente a Deus e não pensam: bonzinho, sinônimo de perfeição e etc. O ser humano é errado, distante do propósito que o próprio Deus tinha para ele e para o qual foi criado!

Posso sustentar essa verdade com a passagem que está em Levítico capítulo 20 no versículo 7, livro este que aborda as leis de Deus para com os homens através de Moisés, seu sacerdote; diz:

“Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o SENHOR vosso Deus.”

Deus nos convida todos os dias a adotar novas posturas, condutas, valores e prioridades para sermos santos e um dia termos um caráter pleno e irrepreensível diante de todos! Daniel e seus amigos há muitos anos entenderam esse recado, guardaram esse convite como o maior dos tesouros e viveram para contar que Deus esteve com eles em todas as situações, justificando-os e guiando-os segundo a Sua vontade, não porque era de Seu capricho mas porque Ele conhece os nossos corações, sonda e perscruta o que está guardado ali. Tudo que devemos e podemos fazer é descansar Nele, esperar Nele e pedir a Ele um novo caráter, uma nova conduta e que no nosso dia-a-dia isso se cumpra nas várias situações que a vida proporciona.

Meus amigos, estamos em uma constante batalha. A Bíblia diz em Gálatas capítulo 5 versículo 17 que o espírito milita contra a carne e a carne contra o espírito. Nós estamos em constante briga com nós mesmos para lembrarmos de quem somos e para que viemos e estamos aqui. Nós somos convidados e inflar o caráter que Deus nos dá o tempo todo, no entanto, nos cabe a escolha de levar isso em consideração ou não. E é isso que se tem passado na minha mente nos últimos dias e meses, podendo eu afirmar com toda alegria e certeza: Nunca estive tão feliz e certo das coisas que tenho feito, pensado e decidido para a minha vida como agora!

E, para finalizar, dou uma dica para quem se até aqui leu essa crônica e quer seguir o mesmo caminho que eu tenho seguido, descobrindo na vida que Deus nos dá qual o caráter de um verdadeiro crente em Jesus; no livro de Efésios capítulo 3 versículos 11 a 19, diz:

“Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor,
No qual temos ousadia e acesso com confiança, pela nossa fé nele.
Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por vós, que são a vossa glória.
Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,
Do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome,
Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;
Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor,
Poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade,
E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.”

Devemos insistir e perseguir o alvo! O alvo é Cristo e as várias situações na vida vêm apenas como forma de moldar esse caráter, aperfeiçoá-lo e amadurecê-lo para o bem! Deixo também dicas de leitura, os dois próximos capítulos de Efésios. Leiam o capítulo 4 e 5, e fiquem certos, que mesmo eu não conhecendo vocês ou os que eu conheço e sei q leem meus textos, eu oro por vocês, oro para que Deus levante jovens dispostos a deixar pra trás o que é efêmero e buscar o que realmente vale a pena nessa vida. Desejo que todos desfrutem um dia dessa alegria e liberdade que estou experimentando, ou seja, servir a Deus e receber Dele o seu caráter!

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