terça-feira, 5 de julho de 2011

Sou jornalista, e agora?

Ok, eu formei e desempreguei. Sim, entrei pro grupo dos formados desempregados. Já dei uns surtos por aí, tô deixando meus familiares irritados e esgotando o restante de paciência dos meus poucos e raros amigos. Se eu sou dramático? Vixi, aos montes, mas na real, a situação tá complicada mesmo.

Mas antes que se pense que estou sendo fatalista, esse texto foi escrito, apagado, e escrito de novo uns cem números vezes. Sou perfeccionista. Sou rabugento, sou birrento. Sou todo tipo de charme numa pessoa só (sarcasmo).

Com o desemprego veio a ansiedade, e com a ansiedade veio a impaciência. Eu ainda tardo para entender o quê e para quê realmente me formei em jornalismo. É uma profissão esculachada pelos próprios que a desempenham. O mercado não valoriza não paga bem, e ainda somos comparados a cozinheiros. Nada contra os cozinheiros, eu mesmo me sinto muito à vontade na beira do fogão, tanto me servindo como preparando algo para poder comer.

As empresas de comunicação jornalísticas também não se esforçam em melhorar o perfil. As redações de jornais impressos mais parecem grandes fábricas de manufaturas, como na época em que o Brasil vivia o apogeu do algodão depois a revolução das máquinas. Horas exaustivas de trabalho são cumpridas, e na maioria das vezes, para ganhar metade daquilo que um profissional do direito, medicina ou engenharia fatura em 5 horas ou menos.

Não temos um conselho que fiscalize e ajude a ponderar os absurdos sensacionalistas, a exemplo da mídia americana que sempre apela para os repórteres “show-man”. O cara precisa fazer de tudo, em situações chega a custar a própria vida, pôr a própria imagem em perigo, a reputação por um fio enquanto seu editor, quase sempre, apenas o acompanha com um telefone no ouvido, sentado numa mesa em frente a um computador sob um ar-condicionado.

Não tô dizendo que em todo lugar é assim. Tô falando aquilo que escutei e vivi na minha experiência conquistada com a profissão diante da realidade de são luís, também me baseando naquilo que meus colegas repórteres me confidenciam. Tem muita gente que entra pra essa vida pensando que tudo é TV, tudo é glamour, que a lista de contatos é um absurdo de extensa e todas as festas sociais o cara precisa estar ali. Né bem assim não meu filho!

Mas, quem sou eu se não apenas um moleque de 23 anos que acabou de se formar e tá aí correndo atrás de um emprego pra pagar as dívidas feitas por conta das promoções dos cartões de crédito com seus juros em mais de 12% ao mês. Sim, eu sou suicida! Como qualquer outra pessoa eu preciso pôr dinheiro dentro de casa. Ainda moro com meus pais. Um é diabético e hipertenso, a outra reclama de dores nas costas e pernas constantemente. A idade é uma inimiga e parece que quanto mais velho se fica, mais ingrato o ser humano é.

A juventude é um prêmio para aqueles que conseguem escondê-la numa academia, numa mesa de cirurgia, num carro de luxo e roupas “esticadas”. A velhice chega mais cedo quando você precisa pegar um busão lotado todos os dias, estando sujeito a tudo e todos coisa que só o transporte público pode oferecer. A velhice chega mais cedo para uma pessoa que está na fila do SUS ou na emergência de um hospital público com aquele cheiro podre de sangue coagulado. A velhice chega mais rápido quando todos os planos caem por água abaixo por que o objeto de desejo de um filho ultrapassa aquilo que um pai pode dar, e se dá é porque também nunca teve e assim quer oferecer para se sentir melhor do que nunca foi. Tô sendo dramático? Não, mano, tô falando como um membro do grupo dos formados desempregados e endividados. Tenso! Mas não tenho filhos, ainda não. Um dia os terei, se me for dada tamanha dádiva.

No entanto, temos que levar em consideração que fazer jornalismo em São Luís não é muito fácil não. A competitividade profissional é pouca. As empresas não se arriscam a apostar no que é novo. A mídia alternativa (blogs, tumblr’s, cronistas e críticos de artes em geral - e não aquelas matérias frias de cultura apoiadas apenas em perfis para vender o que não se vende) não vinga, a não ser que seja cópia fiel de uma elite fresca e preconceituosa. Ou seja, um “jornalismo” feito por poucos para poucos. Poupe-me.

Os congressos jornalísticos e a fins quase não acontecem por aqui, enquanto que o último encontro a nível regional feito por estudantes de comunicação para os estudantes de comunicação, realizado em São Luís (2010), o que mais se via eram orgias, muita maconha, álcool, uma galerinha vazia brincando de ser cool, de ser Cult, de ser “antenado” com o mundo e lutar contra a opressão (ENECO’s da vida). Mas, que opressão mesmo? Pintando as paredes com frases cheias de falsa ostentação, como aquela na escadaria do CCH na UFMA, pertencente à banda gaúcha Engenheiros do Hawaii: “Somos quem podemos ser...”. Mentira! Todos drogados, acomodados. Talvez o Criolo seja quem realmente teve uma iniciativa de gênio ao cantar uma poesia de rua, grafitada num muro em São Paulo: “A ganância vibra, a vaidade excita”. Um paulista criticando São Paulo e tudo que nela há!

Eu sou só mais um formado num curso lindo de morrer, e que é igualmente escroto, como aquela mulher ingrata que você sabe não merecer seu amor de jeito nenhum e nem outra coisa qualquer, mas é ela que você tá loucamente apaixonado e quer pro resto da vida.

Sempre digo que estudar e trabalhar com jornalismo tem que ser para quem gosta de verdade. Acostumamo-nos a estar sujeitos a tudo desde ao roubo de material de trabalho, fuxico entre os próprios “colegas” de reportagem, aos vícios conquistados todos os dias (o meu é café, mas tem gente que tem vício em cigarro, cerveja... uns vão mais além partindo pra maconha, pó e derivados), tudo para ficar ligado 25h por dia em prol da notícia e para a notícia. Coitados, tanto romantismo pra merda nenhuma! ^^

Porém, é isso aí. A vida continua e não se pode baixar a cabeça não. Otimismo sempre e entregando pra Deus aquilo que o nosso braço não der mais conta. Faz a diferença quem pode e como pode, resta ao empregador e não ao empregado discernir qual a diferença é mais genuína.

Um comentário:

Maria Sol disse...

Oi, vc trabalha na sua área hojeem dia?