segunda-feira, 15 de agosto de 2011

[Não] Quero um amor

Ao som de “A Mais, do Herbert Vianna com participação especial da Fernanda Takai

 

 

"… cada ser tão solitário tem um sertão no peito" – trecho de Sertão Urbano, do Curumin

Beleza, hoje é Dia do Solteiro! Graças a Deus é uma data inventada por alguém que não tinha muito que fazer, e por isso, não se transformou em mais uma dessas feitas pelo comércio para nós os bestas endividados consumirem. Quer dizer, nem devo agradecer tanto assim porque nesse caso eu fico impossibilitado de ganhar inúmeras lembrancinhas, beijinhos e congratulações (falsas ou verdadeiras).

Hoje é Dia do Solteiro e eu tô aí na minha, quietinho, pianinho como diria minha amada amiga Samanta Araújo. Lá fora não tem muita coisa interessante para se ver e o que percebo quando acesso as redes sociais da vida são inúmeros outros solteiros se lamuriando por não terem a sua tal tampa. É óbvio que eles não o fazem de maneira declarada. Fazem isso numa música aqui, num suspiro ali, numa foto acolá e numa indireta aqui.

Eu tenho 23 anos e me considero “um cara como antigamente”. Deixa que explico. Nunca tive muito sucesso com relacionamentos. Ou sou lerdo e desajeitado ou incisivo demais. Pessoas intensas, como dizem, são assim mesmo pois elas nunca sabem onde ou quando devem parar e se devem não sabem como. Eu sou do tipo que insiste em não demonstrar muito alvoroço, aquele fica inquieto por dentro e solene por fora, que deixa ser apoderado por uma quentura no coração, o tal musculo pulsante teimosa que se esconde entre os pulmões.

Um cara como antigamente” não nega uma oportunidade, mas estuda as possibilidades, e mesmo que ele seja um puto ainda assim tem desejo em conhecer pais tios primos, gato cachorro e papagaio. Um pilantra de carteirinha, no entanto, tem coração nobre e prestativo, sentimento em excesso para compartilhar e tanta empolgação que às vezes sente que vai enfartar de tanto gostar e querer zelar.

Até hoje eu só tive duas namoradas oficiais, inúmeros casos relâmpagos, alguns com seus flashbacks, mas eu tento me isentar dessas particularidades. Não acho justo voltar com o que já passou e ficou pra trás. Não acho correto insistir no que já ficou claro num dar muito certo. Se fosse pra dar certo nem teriam flashbacks e sim perenes manhãs tardes e noites de “sim, eu aceito”.

Hoje é Dia do Solteiro e eu tô aqui em casa, como qualquer outro cara que se acostumou à vida virtual, converso comigo mesmo através dos sites feitos exclusivamente para os tais geeks (coisa que virou modinha), se não, com meus livros, músicas e pensamentos tidos na frente da geladeira enquanto confabulo se devo ou não comer o tal bolinho de chocolate. Eu sou filho dos anos 80, a melhor década de todos os tempos da última semana. Eu sou um cara recém-formado liso e desempregado. Eu sou um mal amado por opção porque escolhi mal esse tempo todo. Sim, você solteiro está solteiro por sua própria culpa e ansiedade! Eu sou solteiro por minha própria culpa e ansiedade!

Hoje é Dia do Solteiro, dia de fazer piada pra enganar o fato de não se ter a capacidade de possuir um porto seguro, um lugar para repousar os ânimos, uma pessoa para discutir reatar e discutir mais uma vez. Hoje é Dia do Solteiro e somos vários que todos os dias consideram qualquer comentário como segundas intenções, doidos para que a piadinha tosca cole e aquela tal pessoa caia na rede. Hoje é Dia do Solteiro, encalhados donos consciências pesadas, imaturos por não conseguirem organizar e manter um simples convívio com outra pessoa. Hoje é Dia do Solteiro, dia dos egoístas que abriram mão de oportunidades geniosas para usufruírem mais da liberdade de andar por aí sem impedimentos e receios de traição. Entretanto, liberdade maior é se permitir virar cativo do afeto por outra pessoa, de dizer “não” quando se quer dizer “sim”, de olhar para a direita quando o desejo lascivo está te dizendo para olhar para a esquerda.

Hoje é Dia do Solteiro, dia de todos aqueles que não conseguem aplicar a simples a equação da tolerância+respeito+saber ouvir=amor ao próximo. Enfim, hoje é Dia do Solteiro, dia em que uma multidão de piadistas ri de si mesmos para esconder os fracassos, os desejos, sonhos e quem sabe assim ansiar por outras propostas para ter mais valor, prioridades, foco. Ou quem sabe você faça parte daqueles que são ou estão solteiros(as) por simplesmente querer. Não se zangue nem faça pouco caso, as relações humanas são um saco mesmo, no entanto, indispensáveis e uma hora ou outra vai doer aí também. Sabe, é que a gente se esconde nesses dias, e outros, pra não demonstrar ou mostrar chateação consigo mesmo! =]

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