sábado, 3 de setembro de 2011

Divagação

Ao som de Biscuit da Protishead

 

Eu queria um dia descobrir se é possível “controlar” a entrada e saída de pensamentos. Certa vez me disseram que a ação não se sucede apenas numa atitude externada, mas, consiste antes de tudo na mente. Ou seja. Se você errou ou caiu em alguma “armadilha” desencane do remorso, o seu problema não foi ter feito o que fez tampouco os motivos que o levaram a fazer o que fez, mas sim o que se passou em sua mente. A ação faz morada ali, ali está toda sorte de trambique que você quer ocultar ou deixar evidente.

Eu queria poder fazer como fazem nos navegadores de internet: pôr filtros e ativar a caixa de SPAM’s. Quem sabe assim eu não divagasse tanto no que faço ou deixo de fazer, no que quero fazer e não devo fazer.

Ok, ok, ok... Eu posso estar ficando neurótico com tanto questionamento e drama. Tudo bem que possivelmente esteja exigindo de mim uma coisa inalcançável. Entretanto, pense comigo, e se existisse realmente um jeito de dividir os pensamentos, desejos, vontades, planos, sei lá, o que tiver que passar pela mente, dividir e reorganizar como bem entender? Seria lindo! Eu não me importaria de que algumas expressões e emoções fossem sufocadas. No entanto, por mais contraditório que seja o ser humano depende dessa livre demonstração de suas gafes, para reafirmar ser um completo incompetente, para esconder-se nos próprios defeitos como se eles fossem motivo para permanecer onde está e ser o que é!

A gente busca uma realidade paralela o tempo todo, quase uma fuga. Quase uma busca por algo perfeito em nós mesmos para servir de espelho, ou uma projeção ética do que gostaríamos de ser. A ética serve apenas para esse fim: dizer o que não podemos fazer e ser; contraponto de maneira até ignorante com as reações insanas brotando o tempo todo na mente. A vontade de dar o primeiro movimento até essa projeção mítica está ao nosso alcance, mas o primeiro passo parece pesar toneladas, todas amarradas em cada pé.

Quem sabe quando finalmente a realidade se transformar em fantasia, e a utopia em um estado real palpável, talvez aí esse controle mental se estabeleça. Talvez a ansiedade em ser só mais um no meio de todo mundo, preservando particularidades completamente intocáveis e incorruptíveis seja alcançada. Talvez essa utopia que todo homem preserva dentro si para se imputar da culpa, dos erros, das gafes seja justificável e nunca condenável. Nós somos a própria piada sem graça contada de geração em geração.

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