Há alguns dias eu venho me perguntando se o que tenho vivido ultimamente seja afasia ou preguiça. Aparentemente, as duas coisas se misturam, pois ambas lidam com o desânimo, com a falta de vontade de realizar determinada ação, não importando se for para benefício próprio ou coletivo.
Mas, eu tenho me perguntado isso porque cada vez mais percebo a falta de um rumo, um objetivo, algo de concreto na vida que tenho. Atualmente estou desempregado, e enquanto acordo sob o mesmo teto branco todos os dias, vou dormir na noite anterior me questionando o que de diferente pode acontecer na manhã seguinte. Talvez a falta de disciplina, que por “ausência de acaso”, sempre me atrapalhou nas funções e responsabilidades e agora está mais evidente. Tenho problemas em cumprir prazos, em considerar as coisas por grau de importância e necessidade, deixando assim tudo para a “última hora”. Eu bem sei que isso se transformou num mau hábito que está difícil de jogar fora.
E para matar um pouco a minha curiosidade, fui atrás do que significa a tal “disciplina” e eis que me deparo com algo bem fora do comum. Sim, “disciplina” é da mesma família da palavra “discípulo”. Ou seja, diz respeito a seguir, manter, colocar em prática, exercitar determinado ponto de vista, costume até que este se transforme em um hábito. A minha falta de disciplina vai desde as questões mais bobas, como: acordar cedo, terminar os meus artigos para tentar o mestrado; até mesmo em cuidar da saúde, tirar momentos no dia para falar com Deus (orando, lendo e estudando a Bíblia). Existem coisas nessa vida que precisam no mínimo ser, dar e causar prazer, por mais que aparentemente não exista ligação com o que se passa na vida de fato.
Certa vez eu estava perambulando pela internet, pois já que tenho um excesso de horas vagas durante o dia, era de se esperar que usasse para algo realmente produtivo, mas nem sempre; e eis que me deparo com um texto do meu amigo e jornalista André Lisboa, em seu blog “diário do andré”. O texto fala sobre oração, vigília e andar de bicicleta, porém, apesar de uma coisa não parecer ter sentido com a outra, a cada parágrafo lido eu me identificava mais e mais com o que o cara tinha escrito.
Ele escreveu primeiro sobre oração, e como o mesmo disse sobre o assunto, “Sempre que deixo orar por um dia, as dificuldades aumentam ou simplesmente diminui a minha conformação com os problemas”. Isso me chamou muito a atenção e me mostrou compromisso, que por sua vez se remete à disciplina em seguir e pôr algo em prática a todo custo os valores assimilados, por maior que seja o desânimo que alguma coisa possa causar. Em seguida ele discorreu sobre a vigília ocorrida na igreja em que tem frequentado (o que me deixou bastante feliz, porque o André já foi tão doido quanto eu já fui um dia). Mais uma vez um trecho do texto me calou a boca, me trazendo de volta ao posso de insignificância e falta de compromisso que tenho com as coisas mais bobas da minha vida. No trecho destacado por mim está escrito assim:
“[...] orar é buscar a presença de Deus, a intimidade, o reino Dele; é direcionar nossa vida à consciência divina. Orar, para mim, naquele momento surgiu como a maior prova de fé que um cristão pode demonstrar. De olhos fechados, prostrar-se reconhecer a própria insignificância e falar Àquele que não se pode ver, mas que está dentro de nós. Deus instaura o reino Dele em nossas vidas por meio das palavras de nossas preces.”
Nada nessa vida tem mais ou menos sentido se não houver a compreensão de que é necessário levar sério aquilo com o que se compromete. Nada nessa vida consegue manter-se de maneira sã se não houver seriedade com o que e como se quer viver. Como disse anteriormente, acordo todos os dias sob o mesmo teto branco, porém, o que ele me oferece é mais preguiça, comodismo e um falso senso de tranquilidade em ser um cidadão de quase 25 anos sem conquistas concretas. Sim, eu me cobro demais, e cobro por saber que posso alcançar e ser determinada coisa, contudo, assim como na minha vida e para a de algumas pessoas, existe a autossabotagem.
No fim das contas, talvez falte um pouco mais de oxigênio para que a paranoia vá embora por alguns dias. E que eu respire tranquilo pelo motivo, motivação, estado, condição, circunstância e situação que for. E as questões, pelo menos na minha vida, as questões espirituais, pessoais e profissionais, se misturem e vão continuar se misturando até todas elas atuarem em conjunto como se uma necessitasse da outra para fazer sentido.
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